Siga a folha

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

Descrição de chapéu

Nova safra do Brasil carrega esperança para o esporte olímpico

Mesatenista Hugo Calderano é um dos atletas que parece fadado a bons ventos em Tóquio-2020

Mesatenista brasileiro Hugo Calderano durante partida contra o chinês Lin Gaoyuan, em Doha, no Qatar - Xinhua/Nikku

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Neste ciclo olímpico, iniciado na Rio-2016 e que vai até Tóquio-2020, a biruta do esporte nacional tem apontado para novas direções. Surfe e skate, que estreiam na próxima Olimpíada, são modalidades nas quais o Brasil desfruta de prestígio mundo afora. Portanto, carregam expectativas com carga de otimismo, de possibilidade de medalhas.
 
Esperanças de sucesso, como abordado aqui recentemente, são alimentadas também pelas atuações de jovens atletas como o paulista Thiago Braz, 24, saltador com vara, ouro com recorde olímpico nos Jogos do Rio, e o matogrossense Almir Cunha dos Santos, 24, triplista, prata dias atrás no Mundial Indoor de Birmingham, na Inglaterra, com um salto de 17,41 m.

Outra sensação do momento é Hugo Calderano, 21, num esporte que pouca atenção desperta no dia a dia dos brasileiros, o tênis de mesa, mas que parece fadado a bons ventos.

Atualmente, Calderano ocupa o 15º posto no ranking mundial, a melhor posição alcançada por um latino-americano. Poucos dias atrás, sagrou-se vice-campeão em Doha, no Aberto do Catar, torneio Platinum, uma espécie de Grand Slam do tênis de mesa. Ganhou de estrelas mundiais da modalidade. Perdeu o título para o chinês Fan Zhendong, segundo do mundo, mas durante as disputas superou até o líder do ranking, o alemão Timo Boll.

Calderano e Gustavo Tsuboi (45º do mundo), os principais mesatenistas do Brasil, estão prontos para atuar no Aberto da Alemanha, também torneio nível Platinum, que começa nesta terça (20), em Bremen. Calderano só entrará em ação na quinta, pela chave de duplas, atuando com o francês Simon Gauzy. No dia seguinte, inicia a disputa individual. Tsuboi, que vai se apresentar em breve ao Werder Bremen para a disputa do campeonato alemão da modalidade, abre sua jornada antes.

Calderano, nascido no Rio de Janeiro e com tempo vivido na paulista São Caetano, onde se destacou na modalidade, aprimora seu jogo em Ochsenhausen , na Alemanha, cuja liga é considerada uma das mais fortes do mundo, com muitos estrangeiros. Na iniciação esportiva, ele chegou a praticar vôlei, e integrou a seleção carioca de base, além de atletismo —100 m e salto em distância. A paixão pelo esporte vem da família, na qual um avô e os pais estudaram Educação Física.

Sua ascensão no tênis de mesa é consistente. Foi bronze na Olimpíada da Juventude em Nanquim-2014, campeão individual e por equipes no Pan de Toronto-2015, e terminou em 9º lugar na Olimpíada do Rio-2016, igualando o melhor resultado do país no evento, conquistado por Hugo Hoyama, em Atlanta-1996.

Calderano ressalta não descuidar da preparação, à qual dedica três horas pela manhã e três à tarde. É orientado pelo pelo francês Jean-René Mounie. Vivendo na Europa encontra maiores chances de evoluir, treinando mais e competindo contra rivais de alto nível. A meta é uma medalha olímpica e tornar o tênis de mesa mais popular no Brasil.

Hoyama, atleta com carreira marcada pela conquista de 15 medalhas em Pans (10 de ouro, 1 de prata e 4 de bronze) e hoje técnico permanente da seleção feminina do Brasil, não é comedido quando ressalta que o compatriota, sério, dedicado e inteligente, também evoluiu no saque, na recepção e na sequência de jogadas.

É a visão de um especialista, profissional gabaritado para avaliar o potencial de Calderano. Diferente de um torcedor comum ou de analista sem currículo de peso, quase sempre alvos de ilusões, que acreditam piamente apenas em vitória, mesmo que a chance de alcançá-la seja remota. Há também torcedores pessimistas, em menor número, atormentados pelas possibilidades de derrota.

Nos esportes, via de regra, as disputas são carregadas de emoções, e a razão acaba em segundo plano, superada. Para driblar arapuca desse tipo, sugiro o bom senso e o juízo da frase do dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor paraibano Ariano Suassuna (1927-2014). “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas