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Brasil e Argentina vivem em descompasso no setor automotivo

Enquanto os emplacamentos de veículos novos cresceram 31,4% no mercado nacional entre junho e julho, caíram 19,3% no país vizinho

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Os mercados automotivos do Brasil e da Argentina parecem viver em lados opostos da gangorra. Se um está aquecido, o outro está em baixa. Esse comportamento se repete agora.

Matías Fernández Barrio, diretor-executivo da Karvi, plataforma de venda de carros que atua nos dois países, afirma que a recuperação das vendas em tempos de flexibilização das regras de distanciamento ocorre de forma bem diferente nos dois mercados.

Enquanto os emplacamentos de veículos novos cresceram 31,4% no mercado nacional entre junho e julho, caíram 19,3% no país vizinho.

O resultado se deve mais à crise do que a diferenças no ritmo de reabertura das lojas e tem forte influência na indústria brasileira. Devido a um acordo comercial longevo, os argentinos são os principais compradores dos veículos montados no Brasil.

É um negócio que depende de volume para ser rentável. Grosso modo, os automóveis exportados têm menor valor agregado que os importados.

Enquanto o Brasil envia carros compactos, a Argentina manda utilitários parrudos de alta valor. Picapes médias como Ford Ranger, Nissan Frontier e Toyota Hilux vêm de lá.

O tombo começou bem antes da pandemia de Covid-19. Entre 2018 e 2019, as exportações de veículos do Brasil para a Argentina caíram de 423 mil unidades para 186 mil, uma retração de 56%.

Barrio diz que a crise pela qual a Argentina estava passando antes da pandemia levou a uma restrição à importação de automóveis. Os estoques estão restritos, embora haja procura por carros novos.

“A existência de múltiplas taxas de câmbio torna alguns carros baratos se considerarmos o valor do dólar informal [cotação paralela argentina]. Isso significa que há uma demanda maior em relação à oferta e, portanto, os aumentos de preços dos veículos excedem a taxa de inflação”, diz o diretor-executivo da Karvi.

“Se tirarmos uma foto um pouco mais ampla, as projeções na Argentina para 2020 falam de um mercado total de 280 mil em 2020 diante de 460 mil em 2019, uma queda de 39%. No Brasil, o cenário mais provável é de 1,9 milhão em 2020 versus 2,7 milhões em 2019, queda de aproximadamente 30%”, prevê Barrio.

As consequências mais severas do descompasso se manifestam no mercado de trabalho tanto aqui quanto lá.

Devido à queda de volume que atingiu os dois mercados em momentos distintos nos últimos anos, fornecedores transferiram a produção de um país para o outro. Conforme mostrou reportagem de Arthur Cagliari publicada na Folha no dia 3, esse fluxo ocorre principalmente da Argentina para o Brasil.

Mas o aumento da produção nacional de peças não se reflete em contratações. Com o declínio do país vizinho, a indústria automotiva brasileira cai a reboque, o que não ajuda a preservar empregos.

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