Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".
'Eu não sou o Macri', repete Bolsonaro
Presidente argentino fez o que os sábios recomendavam e está terminando o mandato com falta de votos e excesso de apupos
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Bolsonaro tem repetido um bordão sempre que um çábio da ekipekonômica pretende ensinar-lhe o que fazer: “Eu não sou o Macri”.
O presidente argentino Mauricio Macri fez o que os sábios recomendavam e está terminando o mandato com falta de votos e excesso de apupos.
Por mais que o bordão pareça categórico, resta saber quem é Jair Bolsonaro.
Os çábios liberais garantem que Macri fritou-se por não ter feito tudo o que propunham, mas é possível que eles estejam tomados pela Síndrome de Minoru Genda.
Genda foi o oficial da Marinha japonesa que em 1941 planejou o ataque à base americana de Pearl Harbor e forçou sua entrada na Segunda Guerra Mundial.
Até morrer, em 1989, o almirante Genda garantia que o ataque foi uma boa ideia que só deu errado porque faltou completá-lo, com um segundo bombardeio.
Quem sofre da Síndrome de Minoru Genda nunca admite que teve um má ideia. Sempre atribui a derrota a quem decidiu não radicalizar uma iniciativa que, desde o início, daria errado.
Aras em Roma
Aproveitando sua passagem por Roma, o procurador-geral Augusto Aras precisa pedir a proteção de Santa Dulce dos Pobres e aos santos de todos os altares da Basílica de São Pedro.
O doutor ainda não teve tempo de mostrar a que veio e já pegou duas lombadas.
Faltou pouco para que sua romaria fosse paga pela Viúva. Nomeou um general para sua assessoria especial de assuntos estratégicos (ganha uma viagem a Caracas quem souber para que serve isso numa Procuradoria-Geral) e exonerou-o oito dias depois.
A PGR informou que a exoneração deu-se porque em uma semana ele cumpriu a sua missão. Fica combinado assim.
O poderoso Nabhan
Apesar de sua tumultuada passagem pelo Exército, o capitão Jair Bolsonaro aprendeu as lições da hierarquia.
O presidente da União Democrática Ruralista, Luiz Antônio Nabhan Garcia, foi um dos seus primeiros aliados, defendeu a saída do Acordo de Paris e a fusão do Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente e poderia ter sido nomeado para o cargo. Não o foi, e ficou com a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários.
Em dez meses, detonou os generais que haviam sido colocados na Funai e no Incra. O general da Funai disse que ele “odeia os indígenas” e o do Incra disse que havia se tornado uma “pedra no sapato” de “verdadeiras organizações criminosas”.
Nabhan é um litigante por temperamento, mas a ministra da Agricultura é a doutora Tereza Cristina. Se a hierarquia prevalecer, ele acabará entendendo isso.
Monstrengo
Quem acompanha negociações do projeto da reforma tributária garante: “Vamos desmentir a lei de Tiririca. O palhaço dizia que ‘pior do que está não fica’. Do jeito que vamos, ficará.”
O governo, perplexo, não tem um projeto. Enquanto isso, a Câmara e o Senado correm com seus próprios pacotes, em direção ao nada.
Sem chanceler
A falta que um chanceler faz:
Depois de um vexame autoinflingido na questão do apoio dos EUA à entrada imediata do Brasil na OCDE, Bolsonaro aprendeu: “Não depende só dele”. Referia-se ao seu colega Trump.
Se Bolsonaro ouvisse a experiência dos diplomatas saberia que, como ele, o presidente dos Estados Unidos não manda em tudo.
Leia as outras notas da coluna deste domingo (13):
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