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Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

Petrobras teve falta de educação, truculência e obscurantismo ao cancelar palestra de economista

A economista Deirdre McCloskey teve coragem para mudar de sexo e com isso já enfrentou paradas bem mais duras do que pitis de burocratas amedrontados

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Dizer que a Terra é plana ou que o nazismo foi de esquerda fazem parte de um bestiário incontrolável, mas entra-se no caminho do vexame quando uma empresa como a Petrobras cancela uma palestra da economista Deirdre McCloskey porque ela disse que os governos de Donald Trump e de Jair Bolsonaro são “qualquer coisa, menos liberais”.

Trata-se de um vexame pela falta de educação, pela truculência e pelo obscurantismo. 

Falta de educação porque os áulicos da Petrobras cancelaram a palestra sem dizer uma só palavra à professora. 

Pela truculência, porque o ex-Robert McCloskey teve coragem para mudar de sexo e com isso já enfrentou paradas bem mais duras do que pitis de burocratas amedrontados. É dela a mais sólida resposta às patrulhas que associam Milton Friedman à ditadura chilena do general Pinochet. (O texto da palestra está na rede com o título “Ethics, Friedman, Buchanan, and the Good Old Chicago School”.) 

Pelo obscurantismo, porque a professora é uma economista respeitada internacionalmente.

McCloskey veio da cepa da Universidade de Chicago e trabalhou com Friedman. Seus três livros sobre as virtudes, a igualdade e a dignidade dos burgueses são aulas de história para quem quer conhecer as raízes do mundo moderno. Em poucas palavras (dela), nada a ver com a luta de classes de Marx, com os protestantes de Max Weber, 

com instituições ou com as teorias matemáticas da acumulação de riquezas. Foi tudo coisa das ideias: “Comércio e investimentos sempre foram rotinas, mas uma nova dignidade e a liberdade das pessoas comuns foram únicas dessa época”. O construtor do mundo moderno foi o burguês.

Bolsonaro não é liberal, finge mal e, se quiser sê-lo, terá muito chão pela frente. 

Cancelar uma palestra de McCloskey porque ela criticou o capitão foi atitude de quem passa por qualquer vexame para ficar bem na nominata das cerimônias.

Se esse triste episódio levar alguma editora a publicar a trilogia burguesa de McCloskey, a patrulha terraplanista terá prestado um serviço ao país.

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota e vai a Brasília para tentar convencer Jair Bolsonaro a manter Onyx Lorenzoni na chefia da Casa Civil.

Não foi Lorenzoni quem teve a ideia de colocar Vicente Santini na Casa Civil. Também não foi ele quem o mandou num jato da FAB para Davos e, de lá, para Déli.

Também não foi Lorenzoni quem sugeriu a Bolsonaro que, depois de demiti-lo, o colocasse noutra função.

Todo mundo sabe que Lorenzoni estava de férias, mas foi ele quem acabou na frigideira.

Se o doutor pode ser frito por tanta coisa com a qual nada teve a ver, seria melhor mantê-lo e, sempre que acontecer uma trapalhada, dá-se uma fritadinha no Lorenzoni.

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