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Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Liberal-conservador

É possível que o Estado seja mínimo na economia e controle a vida privada?

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Desde que o ser humano tomou consciência de si, ele é atormentado por dúvidas angustiantes. Quem somos? De onde viemos? O que existia quando não existia nada? Adão e Eva tinham umbigo? Por que a “novela das oito” passa às 21h? É possível ser liberal na economia e conservador nos costumes?

Essa última pergunta voltou à tona recentemente, quando o presidente Jair Bolsonaro sugeriu trocar o nome do partido PSL —Partido Social Liberal. O objetivo é tirar o “social”, que, para o presidente, remete à esquerda e criar uma sigla que se alinhe à filosofia “liberal na economia, conservador nos costumes”.

Para a biologia e a ciência, que andam tão em baixa ultimamente, o ser humano, por natureza, é um animal “social”, assim como chimpanzés, lobos e cachorros. Caso contrário, faríamos parte do grupo dos animais “não sociais”, como rinocerontes e ornitorrincos e toupeiras. Se a toupeira for de extrema-direita, é forte candidata a substituir Alexandre Frota no PSL

Mas isso é outro assunto.

Voltando ao tema “liberal na economia, conservador nos costumes”. É possível um partido defender que o 
Estado não interfira no mercado e na liberdade individual e, ao mesmo tempo, querer controlar o que as pessoas fazem dentro de casa? 

Seguindo essa filosofia, o governo deve deixar que a mão invisível do mercado derrube matas e que autorregule a Amazônia. Mas pelada mesmo não pode ficar a Bruna Surfistinha no cinema, “em respeito às famílias”.

Na mesma linha “liberal-conservadora”, o governo deve prender qualquer um que queira alterar seu estado de consciência no conforto do seu lar. Por outro lado, acha certo liberar o uso de agrotóxicos e a venda indiscriminada de opioides. 

Nessa toada, o próximo passo será o presidente privatizar os serviços de saneamento básico e, ao mesmo tempo, ir em frente com a lei para que os indivíduos façam cocô de terça, quinta e sábado. Com a pouca oferta de dejetos, a concessão seria bastante lucrativa aos investidores.

Mas, voltando à pergunta espinhosa, é possível ser um liberal-conservador? A resposta é: sim. E o governo não precisaria pensar muito para escolher a nova sigla. 

Seria PLQCCQC. Partido Liberal Quando Condiz, Conservador Quando Convém.

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