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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

O paradoxo da prosperidade

O que caracteriza as inovações transformadoras é justamente sua imprevisibilidade

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Desde os anos 60, nações ricas desembolsaram mais de US$ 4,3 trilhões em ajuda a países pobres. Não dá para dizer que foi tudo em vão, mas os resultados ficam aquém dos esperados. Pelo menos 20 das nações que receberam auxílio estão hoje mais pobres do que estavam na década de 60. Por quê?

É a essa pergunta que Clayton Christensen (Harvard) e seus coautores tentam responder em "The Prosperity Paradox" (o paradoxo da prosperidade). Para eles, as iniciativas não funcionam bem porque partem do diagnóstico, errado, de que é preciso investir em projetos de combate à pobreza, como a construção de poços ou de escolas. Não é que isso nunca traga resultados, mas ver essas obras abandonadas alguns anos depois é uma rotina comum demais para ignorar.

Capa do livro "The Prosperity Paradox" - Reprodução

Na visão de Christensen e colaboradores, o que garante desenvolvimento sustentável são inovações. Não qualquer inovação, mas as que eles chamam de "criadoras de mercado", isto é, aquelas que transformam amplos contingentes da população antes excluídos em consumidores. O impacto desse tipo de inovação não fica limitado a um ramo de atividade, mas se estende por outras cadeias produzindo prosperidade.

"The Prosperity Paradox" é essencialmente um livro de negócios. Os autores descrevem com certa minúcia como as máquinas de costura Singer e os carros Ford revolucionaram os EUA entre fins do século 19 e início do 20. Mais modernamente, citam o macarrão instantâneo Indomie, que se tornou um gigante na Nigéria, e a Celtel, que disseminou celulares pela África, levando até ao surgimento de uma moeda virtual no Quênia.

O livro traz histórias interessantes e insights valiosos, mas acho que os autores superestimam um pouco o valor de sua "receita". Afinal, o que caracteriza as inovações transformadoras é justamente sua imprevisibilidade. E é complicado basear uma política de desenvolvimento numa fórmula não replicável.
 

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