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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Quão perigosas são as fake news?

Acredita nas notícias falsas eleitorais quem já vai votar no candidato por elas beneficiado

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"Aqueles que te fazem acreditar em absurdos, te fazem cometer atrocidades". A frase, atribuída a Voltaire, é daquelas com as quais concordamos intuitivamente. E há situações em que ela é correta. De um modo geral, porém, a ordem da causalidade é a inversa. É o desejo de cometer atrocidades que nos faz acreditar em absurdos. Exploro hoje algumas ideias de Hugo Mercier sobre fake news, desenvolvidas no livro "Not Born Yesterday", de que já falei na semana passada (20/2).

O mais duradouro erro dos médicos ocidentais foi ministrar sangrias. Quem procurar a origem da prática vai dar com Galeno e a teoria dos humores. E esse médico greco-romano do século 2º de fato forneceu uma razão teórica para as sangrias, à qual os médicos recorreram por séculos. Mas não devemos ser tão eurocêntricos. Sangrias são uma prática ultradisseminada. Segundo Mercier, 25% das culturas humanas as empregaram em alguma fase de sua história, e a maioria delas jamais ouviu falar em humores. Galeno não chegou à conclusão de que deveria retirar sangue de pacientes por causa da teoria, mas criou a teoria porque queria justificar as sangrias, que já praticava, como tantos outros curandeiros em todo o mundo.

Ilustração de Annette Schwartsman para coluna deste domingo (27.fev) de Hélio Schwartsman - Annette Schwartsman

Mercier, vale lembrar, é um dos proponentes da tese de que a força evolutiva por trás da razão é a necessidade de justificarmos nossas posições, não a busca pela verdade.

Para Mercier, fake news eleitorais funcionam da mesma forma. "Acredita" nelas quem já vai votar no candidato por elas beneficiado. Raramente elas mudam o resultado de um pleito. Ninguém ainda inventou meme ou frase mágicos que façam um bolsonarista votar num petista ou vice-versa.

O cientista cognitivo também sustenta que, embora haja alguma verdade na noção de que fake news levam à radicalização de grupos, há enorme exagero na ideia de que as redes sociais funcionam como câmaras de eco que irão destruir a democracia.

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