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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

A pergunta não é se Bolsonaro tentará golpe, mas se terá sucesso

Ele não tem apoio popular para um golpe 'new style'

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Bolsonaro vai tentar dar um golpe? Pergunta errada. O presidente já está fazendo o que pode para conturbar e eventualmente desconsiderar o processo eleitoral, o que configuraria uma ruptura constitucional, a mais simples e incontroversa definição de golpe. A indagação cabível, portanto, não é sobre se haverá ou não tentativa, mas sobre as chances de sucesso da empreitada, que me parecem baixas, mas não nulas.

Ao menos nos países mais relevantes, golpes clássicos, daqueles em que generais põem os tanques nas ruas e entronizam alguém próximo à caserna, saíram de moda. Foram substituídos pelos golpes "new style", em que um líder populista chega legitimamente ao poder e, lá instalado, passa a carcomer a democracia de dentro, debilitando as instituições encarregadas de controlá-lo e ampliando a sua capacidade de mando.

Embora a passagem de Bolsonaro pela Presidência tenha deixado muitas instituições (e o próprio país) em petição de miséria, ele nunca esteve perto de desferir um golpe "new style". É que, ao contrário de líderes como Putin, Orbán e até o mais mequetrefe Duterte, ele nunca gozou de apoio popular suficiente para avançar sobre outros Poderes e transformar-se num superpresidente. Pelo contrário, sob sua gestão houve perda de poderes da Presidência para o Parlamento com seu orçamento secreto.

E o problema com golpes "old style" é que eles ficaram mais difíceis de dar. Hoje, muito mais do que nos anos 60, uma aventura golpista envolveria custos econômicos para o país e reputacionais e jurídicos para os envolvidos. Minha suspeita é que Bolsonaro vai armar um fuzuê, mas, na hora do vamos ver, não terá os apoios necessários para se impor e sairá de fininho. Com um pouco de sorte, responderá por seus crimes.

É claro que minha suspeita pode estar errada. Nesse caso, como o golpe dificilmente teria a chancela do STF, resistir a ele se tornaria legal e legítimo.

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