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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Vai começar o festival de fake news eleitorais

Embora deploráveis, só em raras ocasiões elas mudam o resultado de uma eleição

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Começa oficialmente nesta terça (16/8) a campanha eleitoral. A expectativa é que ela seja marcada por um festival de fake news. Embora a humanidade conviva com mentiras ao menos desde o advento da linguagem, não devemos desprezar seu potencial destrutivo. Elas não apenas confundem como dificultam a manutenção e a formação de consensos sociais que são importantes para a democracia.

Em algumas circunstâncias, podem revelar-se fatais. Não é pequeno o número de pessoas, em geral simpáticas a Jair Bolsonaro, que se deixou convencer pela pregação antivacinal do presidente e, por isso, não se imunizou. Paradoxalmente, os efeitos eleitorais das fake news tendem a ser mais restritos. É que a mesma arquitetura cerebral que faz de nós seres teimosos e interesseiros, pouco sensíveis às lições da ciência, nos protege parcialmente das fraudes de campanhas eleitorais.

Charge publicada na página A2 da Folha em 21 de agosto de 2021 - Marília Marz/Folhapress

O autor da façanha são os vieses da família do viés de confirmação, que, para evitar dissonâncias cognitivas, nos fazem buscar e supervalorizar informações que confirmam nossas crenças e preferências anteriores, descartando as que vão contra elas. Isso significa que tendem a acreditar nas fake news bolsonaristas, por exemplo, os eleitores que já se inclinam a votar no capitão reformado, mesmo que ainda não saibam disso. As fake news eleitorais mais revelam do que propriamente convencem.

Cuidado, não estou com isso dizendo que sejam inócuas. Elas falam fundo à alma dos militantes e os tornam menos tolerantes em relação aos que pensam de modo diferente. Podem eventualmente estimulá-los a comportamentos violentos, o que é péssimo para a democracia.

Meu ponto é que as fake news, embora em tudo deploráveis, só em raras ocasiões mudam o resultado de uma eleição. Isso significa que devemos combatê-las, mas sem restringir demais o princípio da liberdade de expressão, este sim indissociável da democracia.

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