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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Descrição de chapéu Rússia

Ameaças de Putin enfraquecem o tabu nuclear

Risco de utilização desse armamento é maior hoje do que um ano atrás

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Quão sérias são as ameaças nucleares de Putin? Mais que um blefe, vejo nas declarações do líder russo quase que um pedido desesperado para que lhe ofereçam uma saída negociada, pela qual ele possa decretar vitória para seu público interno, suspender as operações militares e retomar os negócios com o Ocidente. Alguns governantes europeus podem sentir-se tentados a aquiescer, diante da perspectiva de um inverno sem o gás russo para aquecer as casas.

Embora um cenário de guerra nuclear me pareça improvável, é forçoso reconhecer que o risco de utilização desse armamento é maior hoje do que um ano atrás. Desde Hiroshima e Nagasaki, o mundo não experimentou ataques com bombas atômicas. Em parte, isso se deveu aos cálculos racionais baseados em teoria dos jogos, que ensinam que, numa guerra nuclear, todos perdem. É a famosa destruição mútua assegurada, MAD, no acrônimo inglês.

Moradora de Hiroshima solta lanternas de papel no rio Motoyasu em memória aos mortos no ataque feito pelos EUA em 1945 - Philip Fong/AFP

Mas não foi só isso. A não utilização das bombas também se explica porque erguemos uma barreira psicológica, que pesquisadores batizaram de tabu nuclear. As pessoas, governantes inclusos, desenvolveram verdadeiro horror à ideia de holocausto atômico e transformaram o veto ao uso de armas nucleares numa regra não escrita da política internacional.

Esse tabu está agora enfraquecido. Putin fala abertamente em lançar bombas. Analistas especificam até o tipo. Seriam armas táticas que, ao contrário das estratégicas, são concebidas para uso em campo de batalha, não para arrasar cidades inteiras. Pelo menor poder destrutivo, não engendrariam retaliação maciça. A analogia é com as chamadas armas não letais. Elas são desenhadas para não matar (embora eventualmente o façam) e, por isso, acabam sendo usadas pelas polícias com liberalidade.

É aí que mora o perigo. Armas táticas pequenas não necessariamente deflagram a MAD. A proteção contra seu uso seria apenas o tabu nuclear, que é uma barreira mais frágil.

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