Siga a folha

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Descrição de chapéu forças armadas

Na questão das urnas, militares abraçaram o pastafarianismo

Ambos buscam refúgio em sutilezas da epistemologia

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Para o pastafarianismo, o Universo foi criado pelo Monstro do Espaguete Voador, uma entidade invisível e indetectável, depois de um megaporre. Os pastafarianos também sustentam que o aquecimento global é consequência direta da redução do número de piratas em atividade nos sete mares.

Para as Forças Armadas brasileiras, embora nenhum indício de fraude tenha sido detectado durante as eleições, "não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento".

Urnas são montadas para as eleições na Escola Classe 411 Norte, em Brasília - Gabriela Biló - 1º.out.22/Folhapress

Qual a semelhança entre os pastafarianos e as Forças Armadas brasileiras? Ambos buscam refúgio em sutilezas da epistemologia. A afirmação pastafariana sobre a criação explora o problema dos juízos infalseáveis (se a entidade é invisível e indetectável, não há experiência possível que me levaria a rejeitá-la). A dos piratas brinca com as noções de correlação e causação. Já a conclusão dos nossos solertes militares faz picadinho de vários elementos da epistemologia, da lógica e do bom senso. Vejam que eu não posso provar que não há um gênio maligno adulterando minhas frases à medida que as digito, mas, convenhamos, essa é uma hipótese exótica para não dizer abstrusa ou mesmo ridícula.

Qual a diferença entre pastafarianos e militares brasileiros? O físico Bobby Henderson criou a igreja do Monstro do Espaguete com o nobre propósito de demonstrar que é um erro tratar o discurso religioso como científico. Os militares criaram sua fabulação sobre as urnas eletrônicas com o ignóbil objetivo de bajular o ainda presidente da República.

Lula diz que, nessa história de fiscalização das eleições, Bolsonaro humilhou os militares. Discordo. Foram os fardados que se acovardaram e se humilharam, já que poderiam, perfeita e constitucionalmente, recusar-se a desempenhar esse papel. Ao presidente eleito não convém dizer isso, mas eu posso.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas