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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

A armadilha da identidade

Livro defende que racismo e outras mazelas devem ser combatidos com políticas universalistas

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"The Identity Trap" (a armadilha da identidade), de Yascha Mounk, é um livro polêmico. A ala dos progressistas que acredita na importância de valores e regras universais será só elogios para a obra, que cairá no opróbrio dos grupos que veem ações afirmativas como o principal, senão o único, caminho para a justiça social.

Independentemente da posição pessoal de cada um, acho que Mounk fez um livro honesto. Ele traça uma história até detalhada das ideias que embasam a militância dos grupos identitários. Começa com Foucault e Fanon e vai até Ibram Kendi e Judith Butler, passando por Crenshaw. Mounk é elegante e respeitoso, sempre destacando os muitos pontos em que, a seu ver, esses autores acertam em suas críticas.

Ele também tenta entender por que ideias identitárias se tornaram tão populares, às vezes até hegemônicas, em universidades, grandes empresas e na mídia, ainda que não gozem de tanto prestígio em várias coortes populacionais. Ele fala principalmente dos EUA, mas muitas de suas observações valem para outros países.

Ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de Hélio Schwartsman publicada também na versão impressa da Folha deste domingo (15 de outubro) - Annette Schwartsman

O principal argumento do autor contra a ênfase em identidades vem da psicologia social. A literatura é farta em demonstrações experimentais de como as pessoas se sentem à vontade para dividir-se em grupos, muitas vezes artificiais, que rapidamente se antagonizam com outros grupos percebidos como rivais. Estimular essa tendência, em vez de combatê-la, é, na visão de Mounk, um erro. E um que custa caro em termos de coesão social. O rastro de ressentimentos que o discurso identitário deixa é um dos ingredientes do fortalecimento da extrema direita em vários países.

O ponto central de Mounk é que é possível, e socialmente mais produtivo, combater o racismo e outras mazelas que afetam minorias com discursos e políticas universalistas, que destaquem a humanidade comum entre as pessoas e não suas diferenças tópicas. A mim ao menos o argumento soa convincente.

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