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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Descrição de chapéu oriente médio Israel

Árabes e judeus: inimigos e vizinhos

Livro que conta a história do conflito israelo-palestino de forma razoavelmente equilibrada, não deixa margem a otimismo

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Segui o conselho de João Pereira Coutinho e devorei "Enemies and Neighbors" (inimigos e vizinhos), do jornalista britânico Ian Black. Não me arrependi. Black traça uma história razoavelmente detalhada do conflito que hoje opõe israelenses a palestinos. Começa com a declaração Balfour, de 1917, pela qual os britânicos prometeram um lar nacional para os judeus na Palestina (sem deixar de fazer promessa semelhante aos árabes) e vai até 2017, ano da publicação do livro.

O grande mérito de "Enemies..." é que ele consegue manter-se equidistante das versões mais inflamadas de ambas as partes, o que não é pouco num mundo em que cada vez mais a análise é substituída por palavras de ordem. A fórmula de Black para obter tal êxito é simples: não passar pano para nenhum dos lados e tentar ser tão justo quanto possível com ambos. É pena que o jornalismo, que até pouco tempo atrás adotava essa fórmula como mantra, esteja se afastando dela, no afã de emitir sinalizações morais sobre tudo.

Ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de Hélio de Schwartsman de 13 de abril de 2024 - Annette Schwartsman

Black mostra que, se os ultranacionalistas dos dois lados sempre tiveram posições inconciliáveis, o mesmo não pode ser dito das populações "normais", que em algumas ocasiões conviveram civilizadamente e acreditaram numa conciliação. O problema é que isso se perdeu. Um pouco porque os radicais triunfaram, as duas populações foram se isolando cada vez mais e, assim, deixando de ver o outro lado como digno de consideração.

Nas páginas finais, Black antecipa uma discussão que vem ganhando espaço. Se a fórmula de dois Estados hoje é dada como inviável por vários analistas, a solução de um Estado binacional parece ainda mais difícil. Além dos ressentimentos acumulados, abriram-se verdadeiros fossos psicológicos e sociais entre as duas populações, que não passariam a dividir um mesmo Estado como se nada tivesse acontecido.

A perspectiva, que já era sombria em 2017, não melhorou nos últimos seis meses.

helio@uol.com.br

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