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Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)

Fazer parte da solução

Empregar presos ou egressos do sistema penitenciário tem impacto enorme

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Muita gente me pergunta o que pode fazer para colaborar com a redução da violência no Brasil. Há muitas opções para quem quer se envolver direta ou indiretamente nessa urgente missão.

Uma das formas mais gratificantes que conheço é participar de iniciativas que promovam a prevenção, que evitem que mais gente se envolva com o crime ou que ajudem quem errou a ter uma segunda chance.

Nesse sentido, hoje escrevo para você —empreendedor, empresário e profissional de RH—,que pode fazer algo muito impactante na vida milhares de famílias: empregar pessoas presas ou egressas do sistema penitenciário. Está ao seu alcance e a sociedade toda ganha.

É crescente o custo imposto pela criminalidade para o desenvolvimento do Brasil: 4,38% do PIB em 2015. Fazer parte da solução está em sintonia com a discussão global, que precisa chegar com mais força ao nosso país, sobre como as empresas podem contribuir ativamente para o bem público.

Foi-se o tempo onde a mentalidade dominante no setor privado era de que a única missão do CEO era a maximização dos lucros para seus acionistas, como pregava nos anos 60 Milton Friedman.

Presas trabalham na produção de pregadores de roupa no Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro - 22.fev.2005 - Lalo de Almeida/Folhapress

Já se nota que as empresas que saíram na frente e assumiram o papel acertado de ser uma força do bem nas sociedades onde operam —como as empresas B, por exemplo— cresceram e valorizaram suas marcas. 

Buscando incentivar o papel da iniciativa privada na transformação social no Brasil, chamo especial atenção para o caso das mulheres presas. 

Seu perfil majoritário —jovens, negras, mães, com baixa escolaridade— coincide com o grupo mais vulnerável no mercado de trabalho.

O número das que são privadas de liberdade cresceu sete vezes desde 2000, chegando a 37.828 em junho de 2017.

Muitas delas não cometeram delitos violentos. No mesmo período, o aumento na quantidade total de presos foi de pouco mais de três vezes. 

A inserção econômica de presas e egressas é fundamental para a diminuição da reincidência e para a consequente redução da violência em nosso país.

E para apoiar essa ação, o Instituto Igarapé lançou a pesquisa “Trabalho e Liberdade: por que emprego e renda para mulheres podem interromper ciclos de violência”, e a campanha Sócios da Liberdade.

O intuito é apresentar um diagnóstico sobre o limitado acesso dessas mulheres ao trabalho e chamar a atenção de empregadores para que se aliem a esforços que ajudem a quebrar ciclos de violência.

O levantamento, que leva em consideração dados de 15 estados brasileiros, mostra que menos de um terço (31,8%) das mulheres presas trabalha.

Quando levadas em conta apenas as presas que recebem remuneração, essa fatia diminui para 23,9%. A publicação traz uma série de recomendações para os setores público e privado.

É fundamental, por exemplo, mapear habilidades e vocações desde a entrada na prisão, fomentar parcerias com a iniciativa privada para a criação de centros de formação e capacitação, fortalecer negócios sociais e cooperativas, e desenvolver políticas públicas de atenção integral para egressas.

As empresas sempre se adaptaram aos tempos. Mais do que nunca precisam pensar no longo prazo e compreender que governos e organizações do terceiro setor não darão conta de solucionar os grandes desafios de nosso tempo sozinhos.

Consumidores mundo afora concordam que empresas podem e devem se somar à defesa do meio ambiente e às parcerias para a construção de sociedades mais seguras e inclusivas.

Portanto, integrar o bem social ao propósito de uma empresa também é bom para os negócios. Fica aqui o convite para uma importante contribuição: seja um sócio da liberdade!

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