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Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)

Tempo de (re)construção

As decisões que tomarmos nesta década serão determinantes para as próximas centenas de anos

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A cerimônia de diplomação do presidente e vice-presidente eleitos, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, na última segunda-feira (12), oficializa o resultado das urnas e o fim de mais um processo eleitoral. Apesar dos incessantes ataques e de tentativas criminosas de desestabilização da democracia, venceu o Estado Democrático de Direito. Mas não sem custos.

O esforço necessário de quantificar uma parte do prejuízo de tamanho retrocesso jamais conseguirá capturar o valor real do impacto negativo para o povo brasileiro. Como calcular o valor do luto pelas vidas perdidas e do atraso na aprendizagem de milhões de crianças e adolescentes em razão da negligência governamental durante a pandemia de Covid? Como mensurar a covardia de deixar crianças desnutridas e suas famílias passando fome? Ou ainda, qual o preço dos milhões de hectares queimados na floresta amazônica e em outros biomas brasileiros, do sofrimento de seus povos originários e tradicionais e do malefício para a saúde do planeta?

Fome atinge 33 milhões de pessoas hoje no Brasil - Itawi Albuquerque - 14.set.2022/Folhapress

A verdade é que teremos que lidar com um atraso monstruoso em áreas fundamentais para o desenvolvimento humano, social e econômico do país, ao mesmo tempo em que precisamos lidar com desafios globais —com enormes impactos e consequências locais—, que demandam saltos e coragem na tomada de decisão.

É sabido que o mundo enfrenta múltiplas crises. A emergência climática, as ameaças à saúde pública e questões geopolíticas têm impactos que vão desde a desestabilização das cadeias de suprimento e da segurança alimentar mundial ao aumento no preço da energia e à terrível possibilidade de uma confrontação nuclear.

Diante desta gama crescente de riscos interconectados e sistêmicos, o Brasil e suas lideranças podem —e devem— apostar no fortalecimento de seu protagonismo em agendas fundamentais em direção a um mundo mais inclusivo, inovador e sustentável. Se o país não embarcar agora neste trem, é bem provável que sejamos lembrados como o último expoente dentre economias ultrapassadas, que desperdiçou a potência de sua gente e de seus abundantes recursos naturais —motor de novos modelos econômicos verdes.

A única forma de não ficarmos mais uma vez para trás é termos a certeza de que somente a colaboração de todos os setores da sociedade fará frente aos desafios e às oportunidades que temos diante de nós.

As lideranças eleitas no nível federal e nos governos estaduais precisam aproveitar o conhecimento, as ferramentas e o capital responsável disponível na sociedade. É hora de formar parcerias diversas, intersetoriais e intergeracionais ao redor de prioridades reais. E, assim, construir abordagens orientadas para resolver problemas que entreguem soluções embasadas em evidências e na ciência.

Não temos tempo a perder. Como empreendedora cívica, passei a maior parte da minha jornada ajudando a construir conexões, apoiando e informando redes e coalizões para gerar impacto coletivo. Trabalhar em conjunto com pessoas de diferentes ideologias nunca foi fácil, e a polarização só aumenta o desafio. Mas a ideia de que todos têm o poder de promover mudanças —quando alinhados com os propósitos e parceiros certos, com objetivos claros e uma mentalidade de interesse público— é o que inspira o meu trabalho.

É tempo de (re)construção. Precisamos voltar a sentar à mesa, a dialogar, e a nos engajar com o que queremos transformar. Vivemos um momento de inflexão: as decisões que tomarmos nesta década serão determinantes para as próximas centenas de anos. Devemos acolher a oportunidade de fazer a diferença, uma vez que a única maneira de alcançar um futuro melhor é trabalhar desde já, em conjunto, para moldá-lo.

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