Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.
Haaland tem vantagem, principalmente sobre Neymar, por sua simpatia
O fenomenal norueguês faz gols como quem chupa um sorvete de bacalhau
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Não cometa o engano de chamar o centroavante nórdico de Cometa Haaland se quiser elogiá-lo. Se a intenção for crítica, tudo bem.
Porque cometa é astro de fraca luminosidade (a luz do sol é que o faz brilhar) e qualquer coisa ou pessoa que desapareça rapidamente.
Tudo que Erling Braut Håland parece não ser, principalmente no quesito brilho, embora possa durar pouco, algo a cargo do futuro.
O menino de 19 anos e 1,94 m sabe usar a altura e é rápido como uma lebre, mas é filho de peixe, porque seu pai jogou, como zagueiro da seleção norueguesa, a Copa do Mundo de 1994.
Håland, virou Haaland para facilitar a escrita e se pronuncia, em seu país, ‘Ualand’, embora por aqui tenha virado ‘Raland’, como dizem os ingleses.
Ao se destacar no austríaco RB Salzburg, transferiu-se para o Borussia Dortmund e no clube alemão luziu mais que Neymar e Mbappé no jogo contra o PSG, pela Liga dos Campeões, ao fazer dois gols e completar 10 em 7 jogos no torneio, mesmo número de gols do polonês Robert Lewandowski, 31, do poderoso Bayern de Munique.
O garotão está encantado e encantando, porque o raro faro de gol tem a companhia da mobilidade que seu tamanho deveria impedir, embora a NBA tenha virado uma fábrica reveladora de gigantes de mais de 2 metros que fazem cestas de três pontos como se chupassem sorvetes de creme.
Haaland faz gols como quem os toma de bacalhau, o verdadeiro, o da terra dele, ou melhor, o de seu mar gelado.
E tem a vantagem, principalmente sobre Neymar, de ser uma simpatia. Além de inteligente, muito inteligente.
Custou 20 milhões de euros ao Borussia em dezembro do ano passado. Já vale cinco vezes mais.
Chamá-lo de Cometa Haaland, trocadilho óbvio com o Halley, pode mesmo ser ofensivo. Só que já pegou.
Flamejante
A primeira vez de Jorge Jesus na altitude trouxe lições para o lusitano: se fazia sentido diminuir a intensidade, e optar por Diego, em vez de Pedro, no lugar do Gabigol, para ficar mais com a bola, na prática, principalmente a 2.850 metros do nível do mar, a teoria é outra.
Derrotado por apenas 1 a 0 no primeiro tempo quando poderia ter sido por mais, com a entrada de Vitinho, mais agudo, no lugar de Diego, virou outro Flamengo, capaz de ser mais cardíaco que técnico e de buscar ótimo empate em Quito contra o bom e organizado Independiente Del Valle, a altitude e a arbitragem castelhana, sempre favorável a quem não fale português.
Empatou, fez 2 a 1 na raça, porque quando não dá na técnica é o que um time campeão precisa fazer, e sofreu o empate em pênalti inexistente.
A Recopa Sul-Americana estará na mão se o espírito do time em Quito prevalecer.
Jorge Jesus faz curso forçado sobre as vicissitudes deste lado do mundo e as condições, às vezes desumanas, de jogar no cucuruto da montanha, experiência que voltará a viver, na mesma capital do Equador, na Libertadores, novamente contra o Del Valle.
Inegável a boa impressão deixada no jogo de ida da Recopa.
A luta das estrelas rubro-negras, o ralar na grama e a dramática falta de ar deram aos campeões continentais uma imagem cascuda que ainda não tinham, tamanha a facilidade com que venceram o Campeonato Brasileiro e até o feliz acaso da fulminante virada sobre o River Plate, em Lima, no Peru.
“No pain, no gain”, dizem os portugueses, quando falam inglês.
É isso: sem dor, sem ganho.
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