Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Exceto o Fla, não espere nada de mais de outro time do Brasil

A mania brasileira do auto-engano está passando, no futebol, de qualquer limite

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Há uma frase recorrente que a cada jogo de times brasileiros contra os de fora causa até irritação: “O Inter é muito superior ao time da Universidad de Chile”. Ou: “O Corinthians é claramente melhor que Guaraní paraguaio”. E, ainda: “A seleção brasileira sub-23 não tem por que temer a colombiana”.

Aí, o Colorado empata 0 a 0 com os andinos, que jogaram boa parte do segundo tempo com dez jogadores. O Timão (?) perde por 1 a 0 para os paraguaios. A seleçãozinha empata em 1 a 1 com os colombianos.

Pode um time ser “muito superior” ao outro e apenas empatar com ele, com um jogador a menos, e sem gols? E perder, pela terceira vez em cinco anos, apesar de ser “claramente melhor”?

Jogadores do Guaraní comemoram gol sobre o Corinthians em Assunção, no Paraguai - Jorge Adorno - 5.fev.2020/Reuters

Ou empatar, depois de sair atrás, mesmo “sem ter motivo para se preocupar com o adversário”?

Prestem atenção, a rara leitora e o raro leitor, mas a mania brasileira do auto-engano está passando, no futebol, de qualquer limite. A única superioridade de fato de nossos clubes sobre a esmagadora maioria dos rivais sul-americanos está na capacidade de investimento e no patrimônio, ressalvado o Flamengo, de fato em outro patamar.

Porque taticamente, em regra, nossos treinadores são surpreendidos pelos adversários e tecnicamente há equilíbrio entre os jogadores, tanto que os importamos aos magotes. Foi o que vimos na segunda-feira (3), no Pré-Olímpico, e tanto na terça (4) quanto na quarta (5), na pré-Libertadores.

Tudo bem que a seleçãozinha está sub-representada porque nela poderiam estar Gabriel Jesus, do Manchester City, Richarlison, do Everton, Rodrygo e Vinicius Júnior, do Real Madrid, Renan Lodi, do Atlético de Madrid, Gabriel Martinelli, do Arsenal, e não estão porque a CBF não tem mais força para trazê-los, só tem para curvar clubes como o Corinthians e o São Paulo, que cederam Pedrinho, Antony e Igor Gomes.

O que se discute aqui não é se estamos com força máxima ou não, mas a ideia falsa vendida sobre o time do torneio que, na verdade, tem por que se preocupar com quaisquer oponentes. Assim como nada garante o sucesso do Inter e, menos ainda, do Corinthians, nos jogos de volta em suas casas.

Porque está tudo muito parecido não é de hoje, semelhança agravada pelo início da temporada, preço a pagar por campanhas medíocres no Brasileiro passado.

Um pouco de humildade não fará mal a ninguém, e a verdade só fará bem para a credibilidade dos comentários. Nada mais é como antes, e a Croácia disputou a final da última Copa.

Direito de resposta

A coluna recebeu, do ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, o seguinte esclarecimento:

"Li a sua coluna e achei que, ao lado de muitas verdades, você cometeu uma injustiça ao dizer que a administração anterior ‘armazenava crianças em contêineres’. Por confiar no seu senso de justiça, gostaria de ter uma oportunidade de esclarecer a questão. O alojamento dos meninos não era igual ao que construímos para eles, e que eles passaram a ocupar em dezembro de 2018, mas era de bom padrão, equivalente a alguns hotéis, às instalações de plataformas oceânicas, às unidades de pronto atendimento da prefeitura do Rio e até ao dormitório do corpo de bombeiros do Rio, teoricamente os maiores especialistas em prevenção de incêndios. Com certeza eu não me oporia a que meus filhos dormissem lá.”

Da atual gestão, apenas o silêncio.

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