Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.
Calendário do futebol brasileiro está contaminado
Recomenda-se lavar as mãos depois de pegar na tabela do Covidão-20; como a CBF
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Que a pandemia justifica certos incômodos também nas tabelas dos campeonatos e no calendário do futebol é evidente.
Só com muita má vontade alguém não reconhecerá a dificuldade das ligas para tocar suas competições.
Basta pegar as tabelas dos torneios na Inglaterra, na Espanha ou na Itália para verificar que há times com menos jogos que outros.
Na Itália falta disputar uma partida entre Genoa x Torino da terceira rodada. Na Inglaterra faltam dois jogos da primeira, entre Burnley e Manchester United e entre Manchester City e Aston Villa. Na Espanha a situação é mais caótica e na Alemanha, bem, na Alemanha, com cinco rodadas disputadas, todos os 18 clubes estão na mesma página, todos com cinco jogos disputados.
Em nenhuma das ligas há times devendo três jogos.
No Brasil, há.
Talvez porque nos falte uma liga e seja a Casa Bandida do Futebol que organize os campeonatos.
Daí você pega a tabela do Covidão-20 e constata que o São Paulo é o líder por pontos perdidos, embora em quinto lugar por pontos ganhos, porque com inexplicáveis três jogos a menos que o líder Inter e o vice-líder Flamengo.
O tricolor, se fizer os nove pontos que ainda disputará, chegará aos 36 pontos, um a mais que ambos.
O torcedor fica perdido e precisa ter paciência para saber a verdadeira situação de seu time.
São nada menos de oito jogos adiados e sem datas definidas para serem disputados. Jogos da primeira, da sexta, da 16ª e da 18ª rodadas, dois de cada, envolvendo nada menos que 11 dos 20 participantes. É dose para mamute.
Revela não apenas a incompetência em resolver situações complexas, como dá margem à desconfiança sobre a proteção para alguns e rigor para outros.
Lembremos que os times dos países europeus também têm, além de seus campeonatos nacionais, os continentais e as taças. Igualzinho a aqui.
Por que o São Paulo tem três jogos a menos que Inter e Flamengo?
Pergunte ao presidente da CBF Rogério Caboclo, conselheiro vitalício do clube do Morumbi, além de ter sido diretor de marketing no século passado e financeiro no começo deste.
Terá sido pelo mesmo motivo que uma correta reclamação do tricolor sobre erro de apito contra o Atlético Mineiro levou a entidade a mudar a equipe de arbitragem do jogo entre o time paulista e o Grêmio, para justa indignação dos gaúchos?
Será essa a maneira de lavar as mãos? E de sujá-las?
Sobram motivos recentes para desconfiança de quem segue o futebol no país.Urge que os jogos atrasados sejam realizados e que a tábua de classificação passe a espelhar a realidade do campeonato.
Porque, você, rara leitora corintiana, ou você, raro leitor corintiano, que anda respirando mais aliviado com o seu time em 13º lugar, saiba que Bahia e Botafogo, com um jogo a menos que o Corinthians, e o Vasco, com dois, podem ultrapassá-lo.
Considerando-se que o alvinegro fecha o turno em Itaquera contra o Inter, e que se quiser jogar de igual para igual como fez contra o Flamengo, levará outra bordoada, resta torcer contra os que estão abaixo dele, entre eles o Bragantino, com o mesmo número de jogos, dois pontos a menos. Enfrentará o Grêmio, em Porto Alegre, na derradeira rodada do turno.
Nada disso teria de ser dito e explicado caso todos estivessem no mesmo passo ou, ao menos, quase.
O segundo turno começará sem que esteja. Um absurdo.
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