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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Cristiano Ronaldo não está na minha seleção de todos os tempos

Para PVC, português é o maior jogador europeu da história. Eu fico com Cruyff

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"Cansei!", desabafou João Agripino Doria, as mãos postas nos quadris, indignado, em 2007, com imediato apoio da saudosa Hebe Camargo e da triste figura de Regina Duarte.

Pois também cansei! Não aguento mais escrever sobre a Casa Bandida do Futebol ou sobre o caso do bandido da Alvorada.

Prefiro aceitar a polêmica proposta na excelente coluna do nosso PVC na sexta-feira (25), sobre a indiscutível excelência de Cristiano Ronaldo, o CR7, o outro fenômeno chamado Ronaldo.

Para o estudioso companheiro, "a reflexão é inevitável: (o português) é o maior jogador europeu de todos os tempos".

PVC não esquece de mencionar nossa memória afetiva ao lembrar de Zinedine Zidane, de Franz Beckenbauer, de Michel Platini e, principalmente, para a minha memória afetiva, de Johan Cruyff.

Com todas as homenagens devidas aos dois franceses e ao alemão, é o holandês que, para mim, está acima de quaisquer comparações.

Sempre surgem duas maneiras de responder quando diante de escolhas como essas: quem eu gostaria mais que meu time contratasse se pudesse? Quem eu escolheria se, antes da pelada, tivesse a primeira escolha?

Entre todos os extraordinários europeus que vi jogar, e aí estão incluídos o italiano Franco Baresi, o holandês Marco van Basten, o alemão Karl-Heinz Rummenigge, tantos, não pestanejo um segundo e fico com Cruyff.

Porque, além do talento incomensurável com a bola nos pés, jogava com inteligência tão superior que ao pendurar as chuteiras transformou-se num dos melhores treinadores de todos os tempos.

"Ah, mas nunca foi campeão mundial", sempre haverá quem diga, embora mestre Fernando Calazans já tenha resolvido a ponderação faz tempo: "Jamais ganhou uma Copa do Mundo? Azar da Copa do Mundo!".

PVC tem carradas de razão ao citar os números de Cristiano Ronaldo Fenômeno, realmente impressionantes, indiscutíveis, incomparavelmente superiores ao do holandês. Para não falar de seu preparo físico exuberante, comparação a qual o fumante Cruyff não resistiria nem nos cinco primeiros minutos.

Sim, Cruyff fumava, bebia e jogava. Angelicalmente. E tratava o futebol como Galileu Galilei ao fazer o mundo da bola girar em torno do meio de campo, algo que o gênio lusitano não é capaz de fazer.

Ora, o que seria do vermelho não existisse o amarelo. Gostos são gostos e estão aí para serem discutidos.
Também na semana passada, Roberto Rivellino, um dos melhores jogadores de todos os tempos, opinou que tanto Neymar quanto Romário jogariam no lugar de Tostão no ataque da seleção brasileira de 1970, tricampeã mundial no México.

Heresia não chegou a ser, porque o próprio Tostão, em sua infinita modéstia, já dissera o mesmo em relação a Romário e, agora, concordou com Rivellino.

Cristiano Ronaldo comemora gol de Portugal sobre a Alemanha, pela Eurocopa, em 19 de junho - Matthias Schrader/AFP

Petulante que sou, afirmo: Rivellino e Tostão estão errados. Redondamente errados! Porque Tostão era a perfeita mistura entre Cruyff, o Tostão holandês, e Zidane, o Tostão francês. Naquele time, naquelas circunstâncias, ninguém melhor que ele.

Talvez, de fato, Romário e Neymar tivessem lugar, mas no lugar de Rivellino.

Eu não faria a troca, porque ambos, Tostão e Rivellino, estão na minha seleção mundial de todos os tempos. Assim como Cruyff.

Infelizmente, nela não cabem nem Romário, nem Neymar, nem Cristiano Ronaldo.

É preciso respeitar inteligências superiores. Como as do holandês, do mineiro e de Galileu.

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