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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Dois empates em 2 a 2 para mostrar como o futebol vive

Partidas em Bragança e em Liverpool encheram os olhos e os corações de quem gosta do jogo

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Guardemos todas as proporções, não esqueçamos as diferenças de investimentos, registremos até que gramado por gramado o de Bragança, graças à Red Bull, não é goleado pelo de Anfield, relevemos que a Premier League trata seu campeonato como uma das joias da coroa e a CBF faz do dela fardo tão pesado que não abre mão de sabotá-lo —que o diga o Flamengo.

Importa registrar que o fim de semana de futebol proporcionou dois jogos da melhor qualidade, como é comum na Inglaterra e pouco acontece no Campeonato Brasileiro.

Tanto Bragantino 2, Corinthians 2, como Liverpool 2, Manchester City 2, encheram os olhos e os corações de quem gosta do jogo pelo jogo, independentemente de os resultados finais terem sido justos ou não, porque não foram nem no interior paulista, nem na cidade dos Beatles.

Partida entre Red Bull Bragantino e Corinthians no Campeonato Brasileiro 2021 no sábado (2), no estádio Nabi Abi Chedid em Bragança Paulista - Karen Fontes/iShoot/Agência O Globo

O Corinthians jogou melhor que o adversário e ia perdendo até o 44º minuto do segundo por 2 a 0, quando nos seis minutos finais empatou com dois gols belíssimos de Renato Augusto e Mosquito.

Mesmo que tivesse perdido o corintiano, com um mínimo de equilíbrio, haveria de ficar convencido de que agora tem time para torcer e que dificilmente o G4, ou até o G3, não será alcançado.

Diante de atuação extraordinária do goleiro Cleiton, o Corinthians errou pouquíssimo, principalmente no ataque, quando criou sete chances claríssimas de gol, três delas salvas pelo arqueiro, uma pela cabeça do zagueiro e outra pela trave, duas bem-sucedidas.

O bom futebol do Bragantino não é novidade, o do Corinthians é. E deverá ser cada vez mais daqui por diante.

Uma observação aos intolerantes: ser crítico ao método não impede o elogio ao resultado, mais ou menos como em relação ao magnífico estádio de Itaquera.

Dito isso, voemos ao Reino Unido, onde os times de Jürgen Klopp e Pep Guardiola conseguiram testar a capacidade pulmonar e emocional de quem viu a partida por 94 fabulosos minutos.

A pulmonar porque não dava para respirar; a emocional porque a iminência do gol percorreu o jogo inteiro.

No primeiro tempo quase só do lado azul, que fez por merecer vantagem que o goleiro brasileiro Alísson impediu, e no segundo, rigorosamente equilibrado, quando os quatro gols aconteceram, cada um mais bonito que o outro, o do 2 a 1 para os vermelhos, então, do egípcio Mohamed Salah, para botar placa no estádio.

Nem Maurício Barbieri, nem Sylvinho, tem tantos talentos para botar em campo, embora o Corinthians agora possa mesclar o grupo de veteranos com jovens promissores e a política mundial dos patrocinadores do Bragantino seja a de seduzir a juventude com futebol ofensivo.

O abraço final entre o alemão que dirige os Reds e o catalão que comanda os Blues não precisou de mais nada, nem mesmo precisava do beijo de Guardiola em Klopp: estavam ali dois profissionais que sabiam ter acabado de cumprir fielmente com suas obrigações —mais do que ganhar jogos, dar espetáculo que faça aqueles que o viram terem vontade de ver mais e mais.

Perceba que não está em discussão a questão entre atacar e defender, pois a defesa do Manchester City era a menos vazada e a do Corinthians a segunda dos respectivos campeonatos.

Trata-se apenas de jogar bom futebol, arte que consiste em defender e atacar bem, o que os quatro times fizeram exemplarmente, cada um no seu quadrado. Sem comparações.

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