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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Na cartilha dos técnicos brasileiros o gol é mesmo apenas um detalhe?

Professores, devolvam ao Brasil a alegria dos gols, do drible, do um contra um, da ousadia

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Um dia Carlos Alberto Parreira, o técnico que comandou a seleção brasileira ao tetracampeonato mundial, consagrou a frase "o gol é apenas um detalhe".

Justiça seja feita, ele não quis diminuir a importância do gol, mas se referia ao fato de que às vezes um time tem ótimo desempenho e não consegue traduzi-lo em gols.

Fora do contexto de seu raciocínio, a sentença virou símbolo de postura retranqueira.

Aceitemos que não foi a marca deixada por Parreira em sua carreira, mas examinemos o que acontece hoje em dia em nosso futebol.

Peguemos as últimas rodadas de alguns dos principais campeonatos pelo mundo afora e comparemos.

No último fim de semana a Bundesliga teve 30 gols em seus nove jogos, o mesmo número de gols da Premier League em dez partidas.

O Bayern, de Robert Lewandowski, contribui para a alta média de gols da Bundesliga - Fabrizio Bensch - 30.out.21/Reuters

Já a Ligue 1 viu 29 gols em dez prélios.

O Campeonato Brasileiro teve 15 gols nos mesmos dez…

O Chelsea, líder do Campeonato Inglês, marcou 26 gols em dez jogos, o Bayern Munique 38 também em dez partidas no Alemão, e o PSG 26, em 12 prélios, pelo Francês.

O Atlético Mineiro fez 44 gols em 28 jogos.

Notem a rara leitora e o raro leitor que as rodadas dos três torneios estrangeiros têm média na casa dos três gols por jogo e que seus líderes têm no mínimo dois gols em média, com exceção dos bávaros que excedem, com quase quatro.

Já o Galo não chega aos dois, lhe faltam 12 tentos.

O técnico Cuca e jogadores do Atlético-MG comemoram com a torcida - Washington Alves - 24.out.21/Reuters

Terão os treinadores que trabalham no país a noção de que, além de detalhe, o gol é a alegria do futebol?

Que ao negar à torcida o orgasmo da bola na rede eles reduzem o prazer e a magia do jogo?

Que a graça e a arte da defesa, inegavelmente importantes, não podem sobrepujar a arte e a graça do ataque?

Que jogar por uma bola, que saber sofrer, são atitudes válidas para um jogo ou outro, para determinadas circunstâncias, mas que não devem ser a marca registrada de treinador algum na indústria do entretenimento chamada esporte, no caso em questão, o futebol?

Que os goleiros foram sim inventados para defender, daí a prerrogativa exclusiva deles de pegar a bola com as mãos, mas que mandá-los fazer cera atraiçoa o espetáculo?

Será tão difícil se convencer, e convencer os jogadores, de que o show não pode parar?

Professores, devolvam ao Brasil a alegria dos gols, do drible, do um contra um, da ousadia.

Queremos mais Michael, mais Pikachu, mais Raphinha, mais Vinicius Junior, Bruno Henrique, Antony, e que os deixem ousar, partir para cima.

Vinicius Junior comemora gol pelo Real Madrid no Campeonato Espanhol - Jose Jordan - 30.out.21/AFP

Somos a terra de Mané, de Pelé, dos Ronaldinhos, de Romário.

Não, não me venham com a balela de que o Campeonato Brasileiro é o mais equilibrado do planeta, que antes de começar temos 12 candidatos, porque…porque…porque… simplesmente é…balela!

No máximo três, embora, em regra, pelo menos um, quando não dois, desiste dos pontos corridos por alguma das copas.

VAR patético

Não bastasse o excesso de intervencionismo do VAR-CBF, com marcações duvidosas em suas linhas de impedimento e interpretações contraditórias sobre mão na bola e bola na mão, eis que agora age para anular expulsões, como no caso de Kayzer, do Athletico Paraense, que agrediu por cima e por baixo Léo Pereira, do Flamengo.

Pior que o VAR-CBF só o assoprador de apito que havia feito o certo e voltou atrás.

Literalmente, amarelou.

E Kayzer acabou por fazer um dos gols do 2 a 2, para alegria de atleticanos paranaenses e mineiros.

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