Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Atropelamentos como os infligidos a Bayern e Flamengo são a alegria do futebol

Circunstâncias imponderáveis podem definir a equipe vencedora e o algoz cruel de uma partida

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Nada que tenha acontecido na semana que passou se compara às goleadas sofridas pelos poderosos Bayern Munique e Flamengo.

O 5 a 0 do Borussia Mönchengladbach pela segunda rodada da Copa da Alemanha, 3 a 0 nos primeiros 20 minutos de jogo, lembrou, sim, aquele outro jogo que tinha uma porção de alemães em campo, embora nem tantos como no Borussia-Park, apesar das ilustres presenças do goleiro Manuel Neuer e de Thomas Müller na equipe bávara, para citar os dois que estiveram no Mineirão.

Bayern foi atropelado pelo Borussia Mönchengladbach pela Copa da Alemanha - Ulrich Hufnagel - 27.out.21/Xinhua

O Bayern lidera o Campeonato Alemão, tudo indica que será decacampeão consecutivo nesta temporada e jamais havia perdido para o Mönchengladbach pela Copa. Jogou completo, com o polonês Lewandowski no comando do ataque e teve direito a sofrer o quarto gol entre as pernas de Neuer.

Ein staunen!

De fato, um espanto!, como dizem os germânicos quando falam português, ainda mais porque o Mönchengladbach está apenas em 12º lugar na Bundesliga.

Menos surpreendente, nem por isso mais aceitável, aconteceu no Maracanã pelas semifinais da Copa do Brasil, o atropelamento imposto ao Flamengo pelo Athletico Paranaense.

Que seria jogo duro era previsível e, na verdade, foi, tantas as chances de gol desperdiçadas pelos cariocas ou neutralizadas pelo belo arqueiro Santos.

Circunstâncias que fazem do futebol o mais espetacular dos esportes, capaz de fazer do detalhe o fator preponderante para definir não apenas o vitorioso, além disso, o algoz cruel, frio, predominante.

Um gol de pênalti logo no começo do primeiro tempo, como o de Nikão, fruto da imprudência do experiente Filipe Luís. Outro ao fim dos 45 minutos iniciais, do mesmo Nikão, em contra-ataque raro, porque em câmera lenta, quando o ataque paranaense se aproveitou da bagunça defensiva do rival.

Para culminar, quando o Athletico estava reduzido a dez jogadores, com um lance também incomum nos dias atuais, o zagueiro Zé Ivaldo saiu de sua área, deu a bola para Pedro Rocha e correu para a área adversária onde a recebeu de volta e fez o 3 a 0 definitivo, como se fosse um beque dos anos 1970, um Luís Pereira, sem medo de ser feliz, "cubram as minhas costas porque lá vou eu".

Perdoem os bávaros e os flamenguistas, mas que delícia!

São poucas dúvidas sobre a capacidade de reação dos do Bayern; abundam as em relação a como os da Gávea reagirão e será ein staunen, como dizem os brasileiros quando falam alemão, se contra o Atlético Mineiro o time se comportar bem.

O que está garantido é um fim de ano repleto de emoções em quatro jogos imperdíveis: os dois entre os At(h)léticos para decidir quem será bicampeão da Copa do Brasil, o entre Athletico e Bragantino pela decisão da Copa Sul-Americana e, finalmente, o entre Flamengo e Palmeiras pelo tricampeonato da Libertadores.

Este último com duplo significado: o título capaz de redimir todos os pecados dos dois clubes mais ricos do país e de transformar a depressão em euforia, aí incluída uma porção de falácias e, por outro lado, a derrota que aprofundará a depressão de quem voltar de Montevidéu sem o Santo Graal.

Tudo isso com o acompanhamento dos passos do Galo em direção à festa da conquista esperada há meio século.

A menos que o imponderável faça mais uma surpresa.

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