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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Descrição de chapéu Futebol Internacional Itália

A alegria mora em Nápoles

Felicidade é pouco para descrever o clima 33 anos depois do 'scudetto' de Maradona

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Não há lugar no Planeta Bola para estar hoje além da feliz cidade do sul da Itália.

Nápoles voltou a viver a euforia de mais de três décadas atrás, quando Diego Armando Maradona fez dela a capital do futebol italiano.

Milão, Roma, Turim, o orgulho do norte da Bota curvou-se pela terceira vez ao poderio do Napoli.

Nas duas primeiras, em 1987 e em 1990, reinava o argentino, o atleta mais midiático de todos os tempos ao lado de Muhammad Ali.

Napolitanos festejam o título italiano após longa espera - Carlo Hermann - 4.mai.23/AFP

Impossível esquecer a semifinal da Copa do Mundo de 1990, que pôs frente a frente os anfitriões italianos e os argentinos.

Quiseram os deuses dos estádios que fosse exatamente no estádio San Paolo, hoje com o nome de Maradona.

Então, ele apelou: "Durante 364 dias do ano vocês são considerados pelo resto da Itália como estrangeiros em seu próprio país e, hoje, têm de fazer o que eles querem, torcer pela seleção italiana. Eu, ao contrário, sou napolitano os 365 dias do ano".

Dom Diego queria convencer os napolitanos a torcer pela Argentina, e o presidente da federação italiana pedia a torcida pela Azzurra.

Uma faixa enorme apareceu na arquibancada: "Diego nos corações, Itália nas canções".

O jogo terminou 1 a 1, o goleiro Sergio Goycochea pegou dois pênaltis, e a Argentina eliminou a Itália.

Nápoles é até hoje enfeitada com imagens de Dom Diego - Andereas Solaro - 29.abr.23/AFP

Quase 60 mil pessoas deixaram o estádio em meio a um clima esquisito, difícil de definir. Havia tristeza, por certo, mas não era aquela tantas vezes vista por quem estava acostumado a cobrir grandes decisões. Na resignação dos derrotados parecia estar escondida alguma satisfação, um sentimento confuso, pouco palpável, apenas pressentido.

Terminado o trabalho no estonteante Castelo do Ovo, construído em 1128, que serviu como centro de imprensa, já de madrugada, os restaurantes em torno da fortaleza estavam lotados. Nada transparecia ambiente de velório, depressivo, no país-sede da Copa.

Então, exatamente às duas da matina, de diversos pontos da cidade, um ruído de objetos sendo lançados tomou conta de Nápoles, e bandeirinhas tricolores caíram do céu para perplexidade da boêmia.

"O que eles estão comemorando?", perguntava o saudoso jornalista e sociólogo uruguaio Franklin Morales, autor do obrigatório "Maracaná, los Laberintos del Carácter", extraordinária biografia do capitão uruguaio Obdulio Varela, traçada com a Copa de 1950 como pano de fundo e publicada no Brasil, em e-book, pela Companhia das Letras.

"O que está sendo comemorado?", todos se perguntavam.

O esclarecimento só veio pela manhã, quando a prefeitura de Nápoles explicou que estava programada uma grande queima de fogos tão logo o jogo terminasse com a classificação italiana para a final.

Diante da eliminação, abortaram-se os fogos, mas não o lançamento das bandeirolas, que se planejou fazer discretamente, para evitar o trabalhão de retirar uma a uma. Apenas ninguém imaginou que tanta gente ainda estivesse nas ruas após a derrota.

Ora, se naquela madrugada a cidade estava daquele jeito, é incomensurável o tamanho da inveja por estar longe do magnífico Castel dell'Ovo desde a última quinta-feira (4), quando o clube tornou-se tricampeão.

Maradona não viu o tricampeonato mundial da Argentina no ano passado nem o tri napolitano agora.

Sem ele, porém, nenhum dos dois teria sido possível.

Viva, Nápoles!

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