A terceira rodada do Campeonato Brasileiro foi aberta por jogo sem rivalidade alguma e enorme expectativa do amante do jogo bonito: Fortaleza e Fluminense, no Castelão, era o jogo que todos queriam ver.
Pois os dois tricolores cumpriram com o que prometiam, embora o carioca tenha preservado seus principais jogadores para enfrentar o River Plate, pela Libertadores, nesta terça-feira (2), no Maracanã, outro embate imperdível pela qualidade dos times.
O Flu pagou alto preço pela necessária prudência: perdeu por 4 a 2 e tomou um baile dos cearenses, além de ficar em dívida com os deuses dos estádios porque escapou, graças à atuação extraordinária do veterano goleiro Fábio, 42 anos, de levar de oito.
Mas nem a ausência de John Arias, Germán Cano, Paulo Henrique Ganso e Keno diminuiu a qualidade do espetáculo proporcionado pelos pupilos de Juan Vojvoda e Fernando Diniz.
Quase 40 mil torcedores saíram satisfeitos do estádio e proporcionaram renda de apenas 650 mil reais.
Logo depois do jogaço, na casa verde, o Dérbi, de rivalidade centenária, com mais de 41 mil alviverdes, rendeu cerca de 3 milhões e meio de reais e a alegria se limitou à nova vitória palmeirense, por 2 a 1.
Pouco, pobre, se for considerada a atual situação do Corinthians, que chegou a assustar, quase empatou com Paulinho ao chutar o 2 a 2 por cima do travessão de Weverton, vítima de gol achado do rival, marcado contra por Piquerez.
Quem compareceu ao clássico estava certo de que veria uma goleada por mais que clássicos sejam clássicos e vice-versa.
O Palmeiras é generoso em triunfos e sovina em dar shows.
Grosso modo, porque o cálculo não envolve as benesses do sócio-torcedor, cada ingresso custou R$ 87,50 em São Paulo, e R$ 16,25 em Fortaleza.
Convenhamos que o torcedor nordestino pagou muito menos para ver muito mais, além da folha de pagamentos do Tricolor do Pici ser de R$ 6 milhões e a do Verdão de R$ 32 milhões.
Custava ir além das indiscutíveis vitórias e proporcionar alguma fantasia aos seus adeptos, para usar o vocabulário de Abel Ferreira?
Em que medida a sovinice do time tem a ver com o estado de permanente irritação do triunfante treinador?
Verdade que é preciso considerar o calendário exaustivo a exigir permanente cuidado às vésperas de viagem desgastante a Guayaquil, no Equador, palco do próximo compromisso de Raphael Veiga e companhia, já na quarta-feira (3), contra o Barcelona.
Diante da chance de golear o maior adversário, o Palmeiras esteve a ponto de o ressuscitar, algo impensável antes de o Dérbi começar e ainda mais quando, aos 35 minutos, os anfitriões já venciam por 2 a 0 e davam a nítida sensação de que, no mínimo, virariam dois para acabar quatro.
Qual quê!
Teve até um certo sofrimento nos minutos derradeiros e comemoração ao apito final, algo inteiramente fora dos prognósticos não apenas alviverdes, em geral, mesmo dos alvinegros, que respiraram aliviados com o placar apertado.
É prazeroso certamente para o palmeirense constatar que corintiano relaxa quando perde de pouco, só que o ponto não é esse, é a qualidade do futebol.
Porque este Palmeiras pode vir a ser o maior campeão da história, quem sabe faturar o Mundial, mas para merecer mesmo ser chamado de Academia precisa brilhar mais.
Há sensível diferença entre academicismo e resultadismo.
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