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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

O doping financeiro no futebol

O nome é fair play, uma utopia que o mundo do futebol está longe de alcançar

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O nome pomposo, e em inglês, é fair play financeiro.

Uma tentativa dos europeus para tornar menos desigual seus campeonatos repletos de clubes bilionários e campeões, quase sempre com dinheiro de fora e sujo, e uma porção de coadjuvantes que servem apenas como sparrings, para usar outro termo inglês, mas do boxe.

Desafiam-se, aqui, a rara leitora e o raro leitor a citar um clube importante, um só, pelo mundo do futebol afora, que não tenha em sua história crimes financeiros de toda sorte, sejam associativos bem-sucedidos, como Real Madrid e Barcelona, sejam sociedades empresariais.

A coluna agradecerá e ficará imensamente surpresa.

Lance de amistoso entre Real Madrid e Barcelona, em Nova Jersey - USA Today Sports via Reuters

Peguemos o Real Madrid e lembremos como historicamente teve a ajuda da ditadura do general Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama (1892-1975), mais conhecido apenas como Francisco Franco, embora melhor teria sido como Lama.

Depois dele, a prefeitura da capital espanhola trata de ajudar os merengues como pode, e como não deveria.

O Barcelona tem na história recente uma sucessão de escândalos, o ex-presidente Sandro Rosell preso, não por coincidência sócio de Ricardo Teixeira em algumas travessuras, no Brasil, inclusive.

E por aí vai.

Na Inglaterra é igual.

Basta dizer que o tetracampeão Manchester City está ainda hoje ameaçado de rebaixamento por ter infringido as regras do fair play financeiro, que parecem para inglês ver, modo encontrado para formar supertimes.

Taças conquistadas pelo Manchester City em exposição no Etihad Stadium - Action Images via Reuters

Você já percebeu aonde se quer chegar.

Por que no Brasil seria diferente?

E veja que aqui se deixarão de lado argumentos sobre o passado do Flamengo patrocinado pela estatal Petrobras, porque era compreensível uma grande empresa estampar a marca na camisa do clube mais popular do país e assim concorrer com a Esso, a Shell, a Texaco etc.

Ou o fato de um mecenas ter saldado as dívidas do Palmeiras com o dinheiro que era dele.

Há episódios tão graves tanto no rubro-negro quanto no alviverde que prescindem de citações às ocorrências normais.

A entrada da Parmalat no Palmeiras, por exemplo, depois comprovadamente operação de lavagem de dinheiro da empresa italiana.

Treino do Palmeiras em 1996 - Folhapress

No Corinthians aconteceu coisa semelhante quando a máfia russa se associou via a tal da MSI.

Em suas respectivas épocas, ambos ganharam campeonatos, comemoraram como é de lei e, quando a mamata acabou, caíram para a segunda divisão.

Dinheiro sem origem, ou melhor, de origem criminosa, é incontrolável e, mais que atentar contra o inexistente fair play no Brasil, se transforma pura e simplesmente em doping.

Doping financeiro, mas doping, que faz menos mal à saúde como o químico, mas corrói os cofres e destrói a vida de clubes, sejam associativos, sejam sociedades empresariais.

O Cruzeiro viveu recentemente tal experiência, numa farra financeira que o rebaixou por três anos e fez dele mercadoria barata para ser comprada por investidor.

O Bahia tem o City Group por trás e o dinheiro ilimitado dos absolutistas dos Emirados Árabes Unidos, situação que John Textor já denunciou, embora invista muito mais no Botafogo graças aos seus camaradas oligarcas russos.

O Corinthians compra adoidado sem ter dinheiro.

Tudo isso é doping.

E não é que o Fortaleza vai bem sem?

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