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Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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'Pachinko' volta com drama, história e galãs de dorama para contar saga de família coreana

Adaptação de best-seller na Apple TV tem grandes atuações, produção caprichada e tropeços narrativos

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Os galãs estão em cena e há certo verniz estético específico, mas "Pachinko", cuja segunda temporada estreou na última sexta (23) na Apple TV, está longe de ser um dorama, o gênero de romances televisivos coreanos produzidos em larga escala que conquistou espectadores ocidentais na última década e virou uma importante marca de influência .

A série, que acompanha a saga de uma família coreana entre guerras e outros tipos de batalhas sociais do século 20, é uma adaptação permissiva do best-seller da escritora coreano-americana Min Jin Lee, um romance epopeico amparado em dez anos de pesquisa sobre famílias coreanas no Japão.

O resultado é uma narrativa intrincada que passeia com emoção contida por diferentes períodos da história atritosa entre coreanos e japoneses, sempre pelo ponto de vista dos primeiros, e catapultou o livro ao topo da lista de mais vendidos em 2017 (a tradução no Brasil saiu em 2020 pela Intrínseca).

O intervalo de mais de dois anos entre as duas temporadas não ajuda a adaptação para as telas. Enquanto o livro segue uma narrativa linear, que constrói os personagens aos poucos e embala o enredo com episódios históricos, a série intercalar diferentes períodos retratados na saga da inabalável heroína Sunja (interpretada pelas estupendas Minha Kim, na juventude, e Youn Yuh-jung, mais velha).

Nesta segunda temporada, reencontramos Sunja sem o marido, um pastor comunista preso pela polícia japonesa por disseminar ideias subversivas, e com dois filhos pequenos, Noa e Mozasu, às vésperas dos bombardeios americanos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Sem dinheiro e vivendo sob o teto dos cunhados, Yoseb e Kyunghee, ela vende kimchi no mercado para sobreviver, como fizera anos antes com a mãe. Diante da iminência das bombas, caberá novamente a Hansu (o superpopular Lee Min Ho), seu antigo amante e protetor, resgatar a família e protegê-los num abrigo rural.

Esse misto de detalhes da vida doméstica com grandes episódios históricos —a primeira temporada incluiu uma recriação excepcional do terremoto que destruiu Yokohama em 1923, além de prover uma história de formação para Hansu que o livro não mostra— é o que move "Pachinko" como série.

Estão lá não só as bombas, a perseguição de coreanos por japoneses, a emergência da Yakuza ou o boom econômico que transformou o Japão nos anos 1980, mas também os pratos, os costumes, a escola, as orações, as roupas, as relações familiares. Tudo é tratado com igual preciosismo.

Com seus múltiplos personagens, cada qual carregado de dilemas morais e passados complexos, "Pachinko", o livro, oferece material para outras temporadas mais de "Pachinko", a série (em tempo: "pachinko" é o nome que se dá aos salões de caça-níqueis e jogos de pinball no Japão).

Mas, enquanto o livro se calca todo no protagonismo de Sunja, de suas escolhas e de seu endurecimento como matriarca da família, a série eleva também os personagens masculinos, com constante atenção a relações de paternidade, seja ela concreta ou figurada.

É um desdobramento interessante, sobretudo quando se contrasta a figura da mãe com as do filho voluntarista e debochado , Mozasu (Soji Arai), e do ambicioso neto Solomon (Jin Ha). Ao mesmo tempo, algo desnecessário, posto que é exatamente o ponto de vista da mulher calada que traz tanta força e novidade ao livro.

Novos episódios da segunda temporada de "Pachinko" estreiam às sextas na Apple TV+

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