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Correspondente na Ásia, doutora em ciência política pela Universidade Sorbonne-Nouvelle e mestre em estudos de mídia pela Universidade Panthéon-Assas.

Cidades para carros, cidades do passado

Com infraestrutura de transporte defasada, Manila se tornou uma capital intransitável do sudeste asiático

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Manila (Filipinas)

Chegar na hora é uma tarefa árdua em Manila. A capital das Filipinas sofre cotidianamente com pesados engarrafamentos. O aplicativo de transporte mais popular do país começa a avisar perto das 17h que a hora do rush começou.

Em Makati, área nobre da cidade, o trânsito é lento em praticamente qualquer horário do dia. Faltam calçadas livres para pedestres e ciclovias. Dias de chuva —frequentes em um país atingido por em média 20 tufões por ano— fazem a circulação ficar impraticável.
 
Motoristas frustrados tentam avançar, enquanto 17 milhões de habitantes da Grande Manila são reféns de uma precária malha de transporte público.

A expansão imobiliária e a falta de planejamento urbano contribuem para que a capital filipina fique entre as piores cidades para se viver, segundo o ranking da Economist Intelligence desse ano. Ela aparece na posição 103, entre as 140 cidades pesquisadas.

Tráfego de veículos na hora do rush em Manila - Noel Celis/AFP

Enquanto governo e sociedade civil se mobilizam mundo a fora para pensar cidades para pessoas —funcionais e inteligentes— e tentar se livrar de carros, nas Filipinas a frota cresce e a infraestrutura rodoviária é defasada. As vendas de veículos no país subiram acima dos 10% em 2018, reafirmando a tendência registrada nos últimos anos.
 
Essa é uma das economias que mais crescem na Ásia. A previsão de expansão para o PIB este ano é de 6,3%. Com a melhora das financias, o governo não mira em desencorajar aumento da frota, pelo contrário.

Na região, Singapura, além de dificultar a concessão de novas licenças para veículos congelou o número de carros nas ruas. Em Hong Kong e outras grandes cidades chinesas, a vasta malha de metrô e a rede de trens bala revolucionaram o transporte de massa de passageiros.
 
Madri, Paris, Hamburgo, Atenas, Cidade do México e tantas outras cidades investem, com graus de sucesso variáveis, em ciclovias e em tornar os centros urbanos livres de carros movidos a combustível fóssil nos próximos anos.
 
O trânsito de Manila é tão caótico que resolver essa questão foi uma das promessas de campanha do atual presidente Rodrigo Duterte. Com seu programa “constrói, constrói, constrói”, ele planeja acelerar a expansão da infraestrutura do país.

A estratégia visa gerar empregos no curto prazo, aquecer a economia e tem resguardado sua popularidade. A capital filipina tem ao mesmo tempo, e não por acaso, um engarrafamento pior e uma menor rede de metrô que outras capitais do Sudeste da Ásia, como Kuala Lumpur, Bangcoc e Jacarta.
 
Em fevereiro, foi dado início oficialmente a construção do primeiro metrô interurbano do país. O sistema atual tem apenas uma envelhecida linha datando do final dos anos 1990, com 13 estações. Duas linhas de trem leve ligam a cidade à zona metropolitana.
 
O novo projeto de US$7,59 bilhões tem 15 novas estações, atravessa sete cidades da zona metropolitana em mais de 30 km ligando Mindanao ao aeroporto internacional da capital e deve ser concluído em 2025. O governo local corre para inaugurar três estações antes do final do mandato de Duterte, em 2022.

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