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Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

O conservadorismo fajuto de Bolsonaro

Um conservador deve proteger o meio ambiente como protege o patrimônio histórico e cultural

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Um jornalista inglês e um indigenista brasileiro foram brutalmente assassinados na Amazônia. Dom Phillips escrevia havia anos sobre a região para vários jornais estrangeiros. Bruno Pereira trabalhava na Funai, mas foi exonerado em 2019.

Crimes bárbaros como esse não são novidade na região. Quem não se lembra dos assassinatos de Chico Mendes e de Dorothy Stang? Segundo relatório da Human Rights Watch, entre 2009 e 2019, mais de 300 pessoas foram assassinadas na Amazônia devido a conflitos pelo uso da terra e de recursos naturais.

Porém o que chama a atenção agora é o clima de descaso total produzido pelo discurso de Jair Bolsonaro. Durante o desaparecimento de Dom e Bruno, o presidente da República chegou a atribuir culpa às vítimas, dizendo que o jornalista era um aventureiro mal visto na região e que deveria ter tomado cuidado. Durante a campanha presidencial, disse "vou dar uma foiçada no pescoço Funai" e "se eu assumir, não haverá um centímetro a mais para demarcação".

Trata-se de discurso que apoia desmatamento, grileiro, atuação ilegal de madeireiras, de garimpeiros, e de um governo que sucateou a Funai e interrompeu projetos ambientais e de proteção às comunidades indígenas.

Mesmo assim, Bolsonaro e seus apoiadores ainda têm a audácia de se dizerem conservadores. Ora, desde Edmund Burke, no século 18, a proteção do meio ambiente contra os avanços da industrialização é pauta conservadora. Roger Scruton escreveu "Green Philosophy", onde defende a preservação do ambiente a partir do mesmo princípio conservador que protege o patrimônio histórico, cultural e linguístico da humanidade. Ou como diz Michael Oakeshott: "um bem conhecido não deve se render facilmente a uma melhora desconhecida".

Afinal, é base da moral conservadora deixar para os nossos descendentes aquilo de belo e funcional que possuímos no presente. Jair Bolsonaro e seus apoiadores não são conservadores. São uma turba reacionária e imoral sem preocupação alguma com o futuro do país.

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