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Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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Coronavírus

Bolsonaro age como um necromaquiador das vítimas de Covid-19 no Brasil

Ele não é coveiro, mas trabalha a serviço de casas funerárias

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Ele não é coveiro, mas trabalha a serviço de casas funerárias de todo o Brasil. Ostenta um talento inigualável para maquiar os mortos, especialmente as vítimas de Covid-19. Suaviza a morbidez do noticiário, achata a curva de contágio e esconde crimes de responsabilidade com suas técnicas de maquiagem. E, para complementar a renda, ainda faz bicos como Presidente da República.

Quando o coronavírus passou a matar mais de um brasileiro por minuto e o país se transformou no epicentro da pandemia, o necromaquiador Jair Messias Bolsonaro se viu diante de uma missão desafiadora. Precisava camuflar quase 40 mil mortos e 700 mil infectados pela doença, garantindo um aspecto agradável a seu governo.

Após participar de um curso de especialização com a Blogueirinha do Fim do Mundo, Bolsonaro desenvolveu uma técnica simples e inovadora, que transformou o Brasil em referência mundial em maquiagem de dados oficiais sobre o avanço da Covid-19. E por aqui você acompanha, com exclusividade, um breve passo a passo dessa necromakeup que está dando o que falar.

Começando, é claro, pela base. Nesse caso, Bolsonaro optou por uma base militar. O truque consiste em ocupar todos os postos-chave do Ministério da Saúde com militares do Exército que, de preferência, não tenham qualquer conhecimento técnico no campo da medicina.

O próximo passo é utilizar um bom corretivo para ocultar o número de mortos e infectados pela Covid-19 no país. Como a subnotificação não encobre de maneira satisfatória o alarmante número de casos, o segredo é retirar os dados acumulados do site do Ministério da Saúde, exibindo apenas os resultados das últimas 24 horas.

Um bom iluminador faz toda a diferença e, para ressaltar os pontos positivos de sua gestão, a dica do necromaquiador é a seguinte: não precisa correr para atender a Globo, basta divulgar os dados depois das 22h e voilà, acabou matéria sobre recorde de mortos no Jornal Nacional.

Na região dos olhos, Bolsonaro aposta em uma maquiagem carregada para ofuscar outros assuntos: seja transferindo R$ 80 milhões do Bolsa Família para a Secom, investindo pesado em propaganda do governo; seja pesando a mão nas sombras, com ameaças ao Supremo Tribunal Federal.

A morte não precisa ser assustadora. Para este ícone da necromaquiagem e da necropolítica, é mais vantajoso mascarar informações do que a população.

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