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Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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Carnaval de rua é maior prova de fogo que há para o início de namoro

Folia nos blocos é um teste para o casal, pois é quando vem à tona um lado oculto do ser amado

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O Carnaval fora de época no Rio de Janeiro pegou um casal de amigos de surpresa. Eles haviam acabado de oficializar a relação e não contavam com a intensa programação de blocos de rua que desfilariam sem o aval da prefeitura naquele fim de semana.

Não existe prova de fogo maior para relacionamentos em início de carreira do que o Carnaval de rua. É quando vem à tona um lado oculto do ser amado, adormecido durante a maior parte do ano: a sua personalidade foliã.

Ilustração publicada em 25 de abril - Silvis

Seu novo amor pode ser o folião extremo, que samba no teto de viatura da polícia. O folião organizado, que faz planilhas e leva tudo aquilo a sério demais. O folião de camelô, que posta fotos besuntado em purpurina com a legenda "Eu sou o samba", mas à primeira gota de suor, já quer partir para comer um cabrito com arroz de brócolis no Nova Capela.

O folião cagado de urubu, que quebra o tornozelo tropeçando nos trilhos do bondinho e te obriga a passar o sábado de Carnaval com ele no hospital. O folião que não deveria ter saído de casa, que arruma briga e deixa um rastro de climão por onde passa. Ou, pior ainda: ele pode ser um não-folião, que prefere passar o feriado na serra comendo fondue.

Um casal não pode se contentar em comparar seus mapas astrais e achar que o jogo está ganho.

É preciso pôr o bloco na rua e descobrir se suas personalidades foliãs são compatíveis.

Para além das inúmeras combinações possíveis, no geral, o Carnaval de rua é a oportunidade de observar a maneira que o ser amado reage a uma situação limite, lutando pela própria sobrevivência, completamente alterado, sob o sol impiedoso de meio-dia, ombro a ombro com uma multidão de pessoas igualmente descontroladas, que se afunila em ruas estreitas do centro da cidade desencadeando um empurra-empurra claustrofóbico que te obriga a repensar todas as escolhas que você fez na sua vida até então.

O casal de foliões optou por curtir o carnaval separadamente, indo para lugares diferentes para evitar conflitos.

Mas o destino fundiu os blocos em que eles estavam. Foi aí que eles se conheceram de verdade. Foi em meio àquela euforia que ambos se deram conta que seriam felizes para sempre… Até brigarem por ciúmes de um cara fantasiado de Gorpo do He-Man. O casal está de ressaca, mas passa bem.

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