Descrição de chapéu Rio de Janeiro Alalaô

Mais de 140 blocos do Rio pedem Carnaval de rua em manifesto

Festa foi cancelada por causa da Covid, mas escolas de samba desfilarão no feriado de Tiradentes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

Ao menos 140 blocos de rua e entidades ligadas ao Carnaval assinaram um manifesto para protestar contra a decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro de não realizar o Carnaval de rua deste ano. A festa foi cancelada ainda em janeiro em razão do aumento de casos de Covid-19, cenário impulsionado pela variante ômicron.

Os desfiles das escolas de samba, no entanto, foram mantidos e estão previstos para acontecer nos dias 22 e 23 de abril.

Membro do movimento Ocupa Carnaval —rede de coletivos responsável pelo manifesto —, o advogado Tomás Ramos diz que a decisão de lançar o documento é para afirmar que o Carnaval de rua é um direito e que cabe à população decidir sobre ele.

Foliões aglomerados em bloco de carnaval clandestino no Rio de Janeiro
Foliões durante bloco de carnaval sem autorização na região central do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 27.fev.2022/Folhapress

"O poder público, porém, tem o dever de garantir esse direito, como expressa o artigo 338 da lei orgânica do município. Mas, quando ele não cumpre o seu dever, isso não o autoriza a inibir, censurar e reprimir o direito ao Carnaval."

O artigo citado pelo advogado aponta que o município deve garantir o acesso a todas as formas de expressão cultural, das populares às eruditas, apoiar e incentivar a produção, difusão e circulação de bens culturais.

Nesta quarta-feira (13), ocorreu um ato no centro do Rio em defesa dos blocos. "Para exercer o direito à cidade, é preciso ter Carnaval. O direito de brincar na rua faz parte do Rio de uma forma que a gente não consegue olhar para a cidade sem sentir o cheiro de confete e sem escutar o som dos blocos", diz Tomás.

Em nota, a Riotur —a empresa de turismo do Rio— diz que não preparou a cidade para receber os desfiles dos blocos em virtude do cancelamento do Carnaval oficial, que estava previsto para fevereiro.

"Por meses, durante 2021, a Riotur trabalhou com os demais órgãos públicos (Prefeitura e Governo do Estado) para organizar os mais de 500 pedidos de desfiles de blocos na ocasião. Uma vez cancelado, tudo foi desmobilizado e não há tempo hábil para que a cidade se comporte bem tanto para os desfilantes como para quem não gosta de Carnaval e quer seguir vivendo na cidade."

Presidente da comissão especial do Carnaval, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) considera irresponsável a decisão da prefeitura de não realizar o evento neste ano. Para ele, o poder municipal deveria ter adiado o cortejo dos blocos, assim como fez com o desfile das escolas de samba.

"O Carnaval do Rio é múltiplo, diverso. Portanto, é impensável que a cidade vai assistir aos desfiles, mas os foliões não vão sair com seus cortejos, suas bandas e seus blocos para a rua. Essas coisas estão interligadas."

O vereador diz que muitos blocos decidiram acatar a determinação da prefeitura. No entanto, ele afirma que grupos de foliões possivelmente vão tomar a cidade.

Em fevereiro, muitos deles se reuniram em blocos clandestinos, nos quais diversos grupos fizeram a festa parados ou saíram pela cidade, mesmo observados por policiais e guardas municipais.

"A uma semana do Carnaval, a cidade não tem banheiro químico para atender os foliões, não tem posto de saúde provisório, não tem planejamento porque não sabe onde os blocos vão sair, portanto o trânsito vai ficar caótico", diz Motta. "Então a prefeitura tomou uma medida irresponsável com o direito que o carioca tem de viver o Carnaval."

Em nota, a Secretaria de Ordem Pública disse que a prefeitura irá anunciar o planejamento operacional para o Carnaval em entrevista coletiva nesta quinta (14), às 14h30.

Um dos blocos que manteve a decisão de não desfilar neste ano foi o Cordão do Bola Preta. Signatário do manifesto pelo Carnaval de rua, é um dos mais tradicionais da cidade, com 103 anos de existência.

Presidente do Cordão, Pedro Ernesto Marinho afirma que os blocos decidiram se unir para buscar valorização. Quando o Carnaval foi adiado, ele achou que o cortejo dos blocos também aconteceria neste mês.

"Para a nossa surpresa, em nenhum momento foi focado no Carnaval de rua e somente nos desfiles das escolas de samba. Nós temos o maior carinho e apreço pelas escolas de samba, mas nós gostaríamos de receber o valor e o apoio compatível com a importância do Carnaval de rua", diz Marinho. ​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.