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Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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tiktok tecnologia

O TikTok não é nada para millennials, que cresceram nos anos 1990

Acho curioso o choque perante uma criança dançando 'Tubarão, te Amo', sendo que ralavam na boquinha da garrafa

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Eu sei, leitora millennial, esculhambar a geração TikTok é praticamente irresistível. As músicas ruins que grudam no cérebro como chiclete no asfalto, a epidemia de coreografias, a hiperssexualização de menores, o cyberbullying, os desafios estúpidos e mortais na mesma proporção.

Nessas horas, é preciso lembrar que você, leitora millennial, é uma sobrevivente. O fato de você ter crescido nos anos 1980 e 1990 e hoje estar viva, funcional, lendo uma coluna no caderno de cultura, comprova que é possível se regenerar de uma infância que faz o TikTok parecer uma inocente brincadeira. Você pode até achar que hoje em dia é pior, mas isso se chama nostalgia de um tempo em que você não tinha que declarar imposto de renda.

Ilustração de Silvis para coluna de Manuela Cantuária - Silvis

Eu só acho curioso o choque perante uma criança dançando "Tubarão, te Amo", sendo que, aos dez anos, você ralava na boquinha da garrafa. Rebolava com as pernas abertas, descendo e subindo em cima de uma garrafa de vidro, sabe. Você cantava "neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém" quando ainda não tinha pelos pubianos.

Você, querida leitora millennial, foi dormir se borrando de medo depois de assistir à autópsia de um ET exibida pelo Fantástico. Você fica chocada com a lenda virtual do Slenderman, mas testemunhou uma jovem de 16 anos se suicidando, ao vivo, em cadeia nacional, no Aqui Agora, do SBT.

E quando o assunto é bullying, o que dizer de uma época em que bullying não se chamava bullying, era mais como uma terça-feira qualquer. As piadas que ricocheteavam nos corredores das escolas eram o puro suco de pozinho radioativo da gordofobia, racismo, misoginia, capacitismo, homofobia, preconceito de classe e tudo de pior que a gente possa imaginar —ou se lembrar.

Em tempo, não estou defendendo aplicativo nenhum, até porque, eles dispõem de bilhões de dólares para isso. Menos ainda normalizando a disseminação de conteúdos nefastos para menores de idade. É responsabilidade desses conglomerados criar medidas para proteger seus usuários. Só estou refrescando a memória de uma leitora millennial que, assim como eu, testemunhou um sem número de baixarias, violências e constrangimentos na infância mas, por sorte, não tem tantos registros para se recordar.

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