Siga a folha

Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

Descrição de chapéu
Todas

'Sinto que estou te oprimindo', ele diz quando ela pede um tapinha

Caro feminista, como uma mulher consciente dos meus direitos e dona do meu próprio desejo, sei bem o que quero

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Um casal em pleno acasalamento, quando ela diz: "Me bate." "Não consigo", ele responde.

"Qual é o problema?"

"Se eu te bater, sinto que estou te oprimindo."

Ilustração de Silvia para coluna de Manuela Cantuária - Manuela Cantuária

"Mas é só um tapa."

"Eu sou contra a violência masculina contra a mulher."

"Também sou contra."

"Um tapa é uma agressão."

"Depende do contexto."

"Exato. A indústria pornográfica condicionou as pessoas a acharem isso normal. Depois que você me ensinou que a pornografia explora e violenta mulheres, eu tenho refletido muito sobre isso."

"Ótimo. Mas se eu te introduzi no feminismo, foi justamente para que você aprendesse a respeitar o livre-arbítrio das mulheres. E sendo consciente dos meus direitos e dona do meu próprio desejo, sei bem o que quero."

"Você acha que sabe. Mas isso é o patriarcado internalizado. Já passou da hora de desconstruir essa ideia de sexo associada à violência, ao desequilíbrio de poder entre masculino e feminino."

"Não precisa misturar tanto as coisas."

"Sexo é política. Se quiser, te encaminho alguns artigos da Butler e do Zizek que comprovam o que estou dizendo."

"Não estou no clima de refutar teses agora, meu amor. Vamos tentar algo mais simples. E se você só me xingar?"

"De quê? Se eu apelar para ofensas misóginas, também seria violência de gênero. Fora que sempre sobra para as trabalhadoras do sexo. ‘Puta’, por exemplo, não deveria ser insulto, assim como qualquer termo relacionado a essas mulheres aguerridas, que trabalham em condições vulneráveis e enfrentam uma série de preconceitos e riscos de violência psicológica, moral, sexual."

"Certo. Pode ser mais criativo, então. Sair do lugar-comum."

"Já sei. Você é uma… Uma… Viciada em leilões online. Perdulária. Estelionatária."

"Calma lá. Não dou um lance há meses. Renegociei minhas dívidas. Só porque falsifiquei o testamento da minha tia-avó, sou estelionatária?"

"Desculpa. Só estava tentando te xingar, não te ofender. Se dependesse de mim, te cobriria de elogios. Até porque você é muito… Perspicaz, sabia?"

"Não malho glúteos para ser chamada de perspicaz."

"Prefiro enaltecer suas habilidades, sua capacidade de forjar assinaturas, de enganar a justiça e seus familiares sem levantar suspeitas. Até porque se te chamasse de gostosa, estaria te objetificando."

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas