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Passeio de bike comemora criação da União das Hortas de SP

Coletivo reúne 15 hortas comunitárias; produção será compartilhada para a comunidade

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São Paulo

Trocar experiências, sementes e informações, defender a agricultura urbana e o cultivo de orgânicos são os objetivos de uma nova organização em São Paulo.

Ela não vai ter sede fixa, mas pretende ampliar a rede de ajuda a gente de qualquer idade que queira colocar as mãos na terra e plantar alimentos, temperos e ervas medicinais em praças, canteiros e outros espaços públicos ociosos da cidade.

É a União das Hortas Comunitárias de São Paulo, que será lançada e celebrada com um passeio ciclístico neste domingo (4), em um roteiro que sai da horta da Saúde e passa por mais cinco hortas.

Em cada parada, os representantes da horta visitada vão contar a história daquela experiência e explicar a dinâmica do local. Quem não quiser ir de bicicleta pode participar passando nos horários marcados de cada encontro (veja roteiro abaixo).

O coletivo reúne representantes de 15 hortas comunitárias, definidas como espaços usados de forma coletiva e colaborativa para o plantio, a manutenção e a colheita e onde os produtos são compartilhados pelos voluntários e pela comunidade. Nelas não são usados insumos químicos ou venenos e são promovidas iniciativas de educação ambiental gratuitas e abertas.

A União das Hortas segue uma carta de princípios chamada “Manifesto dos Hortelões Urbanos”, em que os agricultores urbanos defendem “a possibilidade de cada pessoa cultivar seu próprio alimento ” e a importância dos conhecimentos agrícolas tradicionais “que a agricultura baseada em fertilizantes químicos, agrotóxicos, latifúndios, monocultivo e alta mecanização tenta extinguir”. 

“Valorizamos o sabor e as qualidades nutritivas dos ingredientes frescos e sazonais. Mas não queremos pagar uma fortuna por eles. Não aceitamos alimentos encharcados de agrotóxicos, o sabor insosso dos congelados e a ilusão nutricional da comida industrializada. Preocupamo-nos com a saúde coletiva e acreditamos que uma alimentação balanceada e com produtos de qualidade é a base para uma saúde integral e preventiva”, diz o manifesto.

MOVIMENTO

O movimento das hortas comunitárias vem crescendo na cidade desde 2012, data da fundação oficial da Horta das Corujas, na zona Oeste. Hoje elas estão espalhadas em vários bairros e aproveitam tipos diferentes de terrenos.

Em geral há um grupo flutuante​ de ​voluntários, conectado por WhatsApp, e um núcleo de assíduos frequentadores, que organiza mutirões de limpeza, faz as podas e promove oficinas. A mais recente do grupo é a do Parque Linear Zilda Arns, em Sapopemba.

Estão em formação hortas em São Bernardo do Campo; em Diadema; uma próxima da Igreja São Judas e, em planejamento, uma no ecoponto Saioá, na Vila Mariana. Quem conta é Sergio Shieda, que atua na Horta da Saúde desde a sua criação, em novembro de 2013.

Shieda pertence ao Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES) da Vila Mariana e ao grupo que se mobiliza em torno da Agenda 2030. A Agenda segue os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),  resumo do plano de ação firmado em setembro de 2015 por líderes mundiais na sede da ONU, em Nova York, para erradicar a pobreza e proteger o planeta. 

“Além de alternativa alimentar para os voluntários e para a comunidade, as hortas são educativas. Fazemos oficinas de conscientização sobre compostagem, água, resíduo zero, Pancs [Plantas alimentícias não convencionais; é uma sigla para plantas que tem potencial alimentício, porém não são consumidas em larga escala], Alimentação saudável e também sobre as ODS”, conta.

A ideia da União das Hortas começou a ser elaborada em 2017, para sintetizar alguns conhecimentos que já vinham sendo compartilhados nas redes de contato entre as hortas e se tornar referência para quem quer criar novas. Além disso, o grupo batalha para que a agricultura urbana e familiar vire política pública.

“Estamos fazendo nossa parte como sociedade civil e queremos que esse modelo que favorece a biodiversidade, o clima e uma dieta mais rica, variada e ao alcance das pessoas seja incentivado”, diz a jornalista e ativista Claudia Visoni, uma das fundadoras da Horta das Corujas e também idealizadora na União.

COMPLEMENTAÇÃO

“O cultivo em casa e no bairro melhora a alimentação da população. É uma ​complementação importante. No caso das hortaliças, que são muito caras porque estragam muito rápido, melhor é cultivar perto de casa, colher e poder comer na mesma hora”, defende Claudia.

“Se eu tenho em casa só arroz e ovo, vou ter uma refeição pobre. Mas se eu adicionar a isso o que se pode ter com facilidade e de graça nessas hortas minha refeição será bem mais ​rica: ora pro nobis, salsinha, cebolinha, batata doce, beterraba e cenoura, por exemplo. E ainda de sobremesa poderia ter amora e tangerina”, exemplifica.

“Por mim, toda casa, toda escola e toda praça teria horta. Queremos estar perto da nossa comida”, diz Claudia. Embora muita gente se alimente do que colhe nas hortas, Claudia considera fantasia achar que as hortas urbanas vão suprir todas as necessidades alimentares.

“Não dá para cultivar grãos. Eu tenho horta em casa e 10% do que eu como vem da minha horta. Não dá para ter essa visão romântica”, diz. “A agricultura urbana é de nicho. Ela é adequada às hortaliças, temperos, ervas medicinais, frutas e as Pancsque só quem cultiva vai comer”. ​

O movimento das hortas apoia um modelo sustentável de produção agrícola no campo baseado na agroecologia. “Buscamos a valorização do agricultor ​. Queremos mostrar que a cidade integra o ecossistema e a bacia hidrográfica e deve incorporar a natureza e seus fluxos em suas decisões de planejamento e em suas áreas públicas”, diz o manifesto.

São 15 as hortas que formam a União: Corujas (Vila Madalena), Centro Cultural São Paulo (CCSP), Flores (Mooca), Faculdade de Medicina da USP (avenida Dr. Arnaldo), Saúde, Nascente (Pompeia), Ciclista (avenida Paulista), Areião (Barra Funda), Parque Linear Zilda Arns (Vila Ema), Batatas Jardineiras (Largo da Batata), City Lapa, Casa Verde, Praça Amadeu Decome (na rua Cerro Corá), Madalena (praça Jornalista Roberto Corte Real, Vila Madalena) e a do Instituto Goethe.


Roteiro do Pedal das Hortas, que será neste domingo, dia 4:

10h – Horta da Saúde
11h – Horta do Centro Cultural São Paulo
12h30 – Horta do Ciclista
13h – Horta Faculdade de Medicina da USP (parada para almoço)
15h – Horta das Corujas16hAgrofloresta da Batata (Largo da Batata)

Outras informações podem ser obtidas aqui

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