A esquerda acordou para 2018.
Com Lula fora do páreo, Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) conversam para aproveitar o congestionamento no centro (Temer, Meirelles, Maia) e enfrentar Jair Bolsonaro à direita.
A conversa ganhou peso com o indiciamento do ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) pela PF. Acusado de receber propinas de R$ 82 milhões, essa alternativa a Lula já era.
Haddad e Ciro encaram duas verdades: o PT segue de longe o partido preferido dos brasileiros (19%) e Lula deve transferir milhões votos; mas é Ciro quem aparece embolado em segundo com Marina Silva (Rede) ou Geraldo Alckmin (PSDB) em cenários alternativos sem Lula.
Muita água vai correr, mas o lógico seria PT e PDT se unirem com Ciro à frente, hoje algo impensável entre cartolas petistas. Vamos ver se isso muda com a perspectiva de ficarem sem cargos por muitos anos.
O que já se sabe, infelizmente, é que esse despertar não nos livra de futuros pesadelos.
Em documentos cheio de dogmas como o Unidade para Reconstruir o Brasil, assinado por PT, PDT, PC do B, PSB e Psol, ou em manifestações pessoais, Ciro, Haddad e Lula seguem inclinados a propostas intervencionistas parecidas com as que levaram o país à ruína com Dilma Rousseff.
Muitas são populistas e ignoram o básico: examinar o passado para planejar o futuro.
A verdade pode ser dura, mas os melhores anos sob Lula em crescimento e distribuição de renda saíram da cartilha mais liberal imposta pelo FMI ao Brasil a partir de 2003, quando o país era devedor do Fundo.
Quando essa ortodoxia gerou resultados, milhões de famílias subiram da classe D/E para a C. Com as “novidades” de Dilma, 4,6 milhões delas voltaram para trás entre 2015 e 2017.
Experiência ainda mais fresca mostra que Temer, reprovado por 70% e considerado corrupto, tirou o país da recessão (derrubando inflação e juros a níveis impensáveis) com a mesma cartilha liberal pró-mercado.
Com esse breve histórico de ascensão, queda e nova recuperação ainda fresco, agora vem de Fernando Henrique Cardoso o vaticínio sobre um novo e desesperador paradoxo brasileiro.
Para o ex-presidente, o candidato que vier associado ao mercado será derrotado nesta eleição. Mas o melhor candidato será o que fizer as pessoas pensarem que a vida pode melhorar.
O duro no Brasil é que poucos dizem que o tal mercado somos todos nós.
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