Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.
Sophie Germain mostrou que uma mulher pode ser cientista
Francesa nasceu no século 18 e ganhou espaço num meio até então masculino
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Marie-Sophie Germain nasceu em Paris em 1776. Seu pai, um comerciante abastado, foi eleito representante da burguesia nos Estados Gerais de 1789, onde nasceu a Revolução Francesa. É provável, portanto, que ela tenha presenciado muitas discussões políticas em casa. No entanto, sua vocação foi, desde cedo, a matemática.
A tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, lançou a capital da França num frenesi revolucionário. Por proteção, Sophie ficou retida em casa, onde, para matar o tédio, apelou para a biblioteca do pai. Lá encontrou as fascinantes obras de Isaac Newton, Leonhard Euler e Étienne Bézout, entre outros.
Jacques Cousin, matemático contemporâneo, encorajou o seu estudo da disciplina, mas os pais estavam longe de aprovar atividade tão "inadequada" para uma jovem "de família". Proibiam que acendesse a lareira no quarto, e lhe negavam roupas quentes, para impedir que ficasse estudando à noite —o que ela continuou fazendo assim mesmo.
Em 1794, foi inaugurada a École Polytechnique de Paris, que logo iria se tornar uma das escolas de engenharia mais prestigiosas do mundo. Claro que mulheres não podiam se matricular, mas na época havia uma regra notável: as notas de aula tinham de ser disponibilizadas "para qualquer pessoa que as solicite". Além disso, os alunos deviam "fazer comentários por escrito".
Sophie conseguiu o material, e começou a enviar comentários a Joseph-Louis Lagrange, professor da Polytechnique. Inicialmente, usou um pseudônimo masculino: como explicaria anos depois a Gauss, temia "o ridículo atribuído à ideia de uma mulher cientista". Mas, quando o mestre percebeu a inteligência de seu correspondente solicitou um encontro, e o segredo foi revelado. Lagrange não se abalou e tornou-se seu mentor.
Hoje, Germain é lembrada por seus trabalhos em teoria dos números, incluindo uma prova engenhosa de um caso do teorema de Fermat. Mas ela também é considerada cofundadora da teoria da elasticidade, tema a que dedicou um trabalho premiado pela Academia de Ciências. Falarei mais sobre seus trabalhos na próxima semana.
Sophie Germain faleceu em 1831, mesmo ano em que publicou seu último trabalho científico. Seis anos depois, Gauss disse dela que "provou ao mundo que uma mulher pode realizar algo de valor na mais rigorosa e abstrata das ciências e, por isso, mereceria um doutorado honorário". Mas, infelizmente, não conseguiu convencer seus colegas.
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