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Abelhas conseguem distinguir números pares de ímpares

Artigo publicado em revista científica não é o primeiro relato sobre capacidades numéricas de animais

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Em artigo publicado na revista científica Frontiers in Ecology and Evolution, em abril deste ano, pesquisadores australianos descrevem uma descoberta surpreendente: abelhas melíferas conseguem distinguir números pares de ímpares. Não é o primeiro relato de capacidades numéricas em animais. Mas é desconcertante, porque a noção de paridade é bastante abstrata e, no caso da humanidade, parece estar ligada a certas funções complexas do cérebro.

Sabemos que crianças pequenas tendem a associar os pares com "direita" e os ímpares com "esquerda". Outros estudos mostram que reagimos mais rapidamente a números pares com a mão direita e a ímpares com a mão esquerda. Não é claro que fator evolutivo teria gerado tais associações, nem o que teria levado uma espécie tão simples quanto a abelha a desenvolver este tipo de capacidade.

Colmeia de abelhas; em pouco tempo elas já acertavam mais de 80% das vezes em escolher cartelas adoçadas durante trabalho científico - Keiny Andrade - 27.mar.19/Folhapress

Os pesquisadores dividiram as abelhas em dois grupos. O primeiro foi apresentado a cartelas com diferentes números —de um a dez— de objetos desenhados, embebidas em água com açúcar, se o número de objetos fosse par, ou água com quinino (amarga), caso contrário. Já o segundo grupo foi treinado a associar os pares com água amarga e os ímpares com água adoçada, usando a mesma ideia ao contrário.

As abelhas são ótimas alunas: em pouco tempo já acertavam mais de 80% das vezes em escolher cartelas adoçadas. Ainda mais impressionante, quando os cientistas passaram a usar cartelas com mais objetos desenhados (11 ou 12), que não tinham sido usadas no treinamento, a precisão dos insetos continuou acima de 70%.

Um fato misterioso é que abelhas parecem preferir números ímpares: o segundo grupo, que associou os ímpares a água adoçada, aprendeu mais rapidamente do que o primeiro. Além disso, nos dois grupos, a aprendizagem dos números ímpares foi mais rápida do que a dos pares. Entre crianças humanas, costuma ser ao contrário.

Até então, acreditava-se que a capacidade para distinguir pares de ímpares requeresse um cérebro complexo, como o humano, que tem cerca de 86 bilhões de neurônios. O cérebro da abelha, com meros 960 mil neurônios, não parecia ser páreo para a tarefa. A partir da descoberta, os pesquisadores idealizaram um pequeno "cérebro artificial", uma rede neural com apenas 5 neurônios, e verificaram que ela era capaz de aprender a distinguir a paridade de números, com precisão de até 100%. Mas não é claro se abelhas e redes neurais aprendem do mesmo modo.

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