Siga a folha

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

Empresas estão recomprando suas ações. Finalmente, um bom sinal!

Quem tem a chance de tranquilizar essas pessoas, agora, são as próprias empresas que negociam suas ações em bolsa

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O investidor brasileiro já tem marcado seus compromissos diários para antes ou depois do circuit breaker, suspensão temporária nas negociações da bolsa quando o Ibovespa despenca.

Esse mecanismo de emergência foi tão acionado nos últimos dias que o jeito mais fácil de explicar para um investidor o isolamento social recomendado pelas autoridades de saúde por causa do coronavírus é “um circuit breaker para humanos”.

O caos dos mercados mundo afora virou o novo normal.

Bancos, corretoras e casas de análise de investimentos continuam enchendo caixas de e-mails com mensagens otimistas, enquanto o investidor vê o saldo de sua carteira ir ladeira abaixo. “Compre muita bolsa”; “é a maior oportunidade para investir em ações”; “mantenha a carteira que recomendamos para você”.

Painel na Bolsa de Valores de Nova York, Estados Unidos - Michael Nagle/Xinhua

A verdade é que ninguém sabe quanto falta para atingir o fundo do poço, mas todos têm certeza de que os preços vão parar de cair em algum momento. Assim como era esperado que o ciclo de altas fosse diminuir, mas ninguém poderia dizer que seria a partir da última quarta-feira de cinzas, com o abalo causado por um novo vírus.

Para o investidor que busca tomar suas decisões de forma consciente, a própria chuva de comunicados dizendo “acalme-se” pode ter efeito reverso, como dizer “não pense num Fusca vermelho”.

E vale lembrar que quase 70% das pessoas que hoje investem em ações chegaram no mercado há 2 anos e nunca passaram por nada parecido com isso.

Quem tem a chance de tranquilizar essas pessoas, agora, são as próprias empresas que negociam suas ações em bolsa.

Cabe a essas companhias e a seus setores de Relações com Investidores compartilhar, com total transparência, sua visão sobre o que o futuro reserva para seus negócios.

Mas isso só será possível depois de traçarem seus planos emergenciais para lidar com as dificuldades causadas pelo coronavírus e suas consequências, como reduções demanda, insumos e equipes, bem como o fechamento de fronteiras.

Foram poucas as que apresentaram algo sólido para seus investidores depois das quedas do Ibovespa que começaram no dia 26 de fevereiro. Os bons sinais, até agora, vieram de 16 companhias (das mais de 400 listadas na B3, a bolsa brasileira), que anunciaram programas de recompra das suas próprias ações, a preço de mercado.

Os programas dão uma forma bem concreta à expressão “se dar valor”. É como se as companhias declarassem: “Entre todos os investimentos possíveis neste momento, o que eu quero são os meus papéis”.

O anúncio “pega bem”, pois mostra a confiança da empresa de que suas ações vão subir ao longo do tempo e, ao mesmo tempo, segurar um pouco as quedas.

Os preços, como se sabe, variam para equilibrar oferta e demanda pela mesma ação. Com a recompra, as companhias inflam a demanda. Para quem tem os papéis em mãos, é um bom motivo para segurar e esperar valorizar.

Somados, os 16 programas resultam numa demanda anunciada por 141 milhões de ações. Para fins de comparação, isso é mais do que todos os papéis da Smiles em circulação.

Quem começou a nova “onda” de programas de recompra foi a própria B3, anunciando que comprará 21,7 milhões de suas ações. Foi seguida por empresas de diferentes áreas, como Banco Inter (que quer 42 milhões de papéis), Lojas Renner (8 milhões) e Marfrig (5,9 milhões).

Mesmo sendo um bom sinal, os programas ainda estão no campo dos anúncios. Todos têm prazos para acontecer, que vão de seis a 18 meses, e é preciso ver o quanto as empresas realmente vão comprar dos seus papéis daqui para frente.

Um bom jeito de avaliar o quão concreto são os planos é analisar quais têm dinheiro para fazer o investimento.

A tabela abaixo traz os detalhes dos programas de recompra e o quanto eles custariam para ser executados na íntegra.

Para quem anda à busca de sinais, os programas vêm em boa hora e servem como Rivotril melhor do que emails otimistas.

Empresa Código Preço das ações* (em R$) Número de ações do programa de recompra (em milhões) Custo estimado do programa* (em R$ milhões) Dia do anúncio
Alper APER3 13 0,779 10,1 16/3/2020
Anima ANIM3 16,85 6,3 106,2 6/3/2020
B3 B3SA3 32,51 21,7 705,5 5/3/2020
BMG BMGB4 3,97 10,7 42,5 18/3/2020
Banco Inter BIDI3 11,7 42 491,4 12/3/2020
BR Properties BRPR3 8,23 4 32,9 17/3/2020
Hering HGTX3 13,42 0,835 11,2 16/3/2020
Cosan CSAN3 47,1 10 471,0 16/3/2020
CCP CCPR3 11,73 4,9 57,5 12/3/2020
Eztec EZTC3 28,35 9,5 269,3 19/3/2020
Linx LINX3 17,81 8,1 144,3 9/3/2020
Log LOGG3 17,4 4 69,6 13/3/2020
Renner LREN3 36,74 8 293,9 10/3/2020
Marfrig MRFG3 7,11 5,9 41,9 17/3/2020
Sinqia SQIA3 12,94 5,8 75,1 13/3/2020
Totvs TOTS3 42,1 3 126,3 6/3/2020
Trisul TRIS3 7,54 5 37,7 18/3/2020

*Calculado de acordo com o preço de fechamento das ações nesta quinta-feira (19/3)

Fonte: Site Monitor do Mercado

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas