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Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

Mercado também oferece placebo contra efeitos do coronavírus

Investidor deve ficar de olho na movimentação das empresas das quais é acionista, e não só nos preços das ações

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Em meio ao turbilhão de acontecimentos, parece que faz muito tempo que o investidor assistiu atônito às brutais quedas da Bolsa, com a temida suspensão dos pregões. Não faz.

Na verdade, acaba de completar seis meses do último acionamentos de circuit breaker, procedimento de segurança que interrompe a negociação de ativos para acalmar os ânimos.

E, nessa onda, não foi só a B3 que aplicou suas doses de “sossega leão” para investidores. Falei aqui, neste espaço, sobre o que, à época, era notícia alvissareira: empresas estavam anunciando a recompra de suas ações.

Os programas de recompra serviram para injetar otimismo nos investidores. É como se as companhias declarassem a confiança em seus negócios por megafones.

Para o investidor, o dever de casa era acompanhar se as companhias que lhe interessavam estavam realmente colocando o plano em prática.

Pois bem, com a avalanche de mudanças no cotidiano que temos enfrentado, é possível que o tempo tenha passado e você tenha deixado o dever para depois. Por isso volto ao tema.

Findo o prazo de alguns programas de recompra, é hora de ver quem usou o anúncio como placebo e quem realmente se dispôs a tomar o remédio para diminuir seu custo de capital.

Das 16 empresas listadas na coluna que anunciava as recompras durante a queda generalizada, uma se destaca por ter encerrado seu programa de recompra sem ter adquirido sequer um papel: a construtora EZTec.

Pelo que havia sido aprovado em março, seriam adquiridas 9,5 milhões de ações, que, à época, custariam quase R$ 270 milhões. Meio mês depois, sem mais explicações, o conselho de administração acabou com o programa. E informou: “Durante a vigência do programa, a Companhia não adquiriu ações de sua emissão”.

A construtora foi assunto de outra coluna, mais recente. Seu lucro líquido caiu 28% em relação ao segundo trimestre de 2019. E estava sem lançar nenhum empreendimento desde março.

Nesta semana, faz um lançamento na cidade de Guarulhos. Dois edifícios residenciais, cujo valor geral de venda soma R$ 205 milhões. São R$ 65 milhões a menos do que se colocassem em prática o plano de recomprar ações EZTC3.

Outra empresa que já encerrou seu programa de recompra foi a Totvs, mas com resultado que pode ser tido como contrário ao da EZTec.

A empresa de tecnologia havia anunciado a recompra de 3 milhões de papéis, mas terminou levando 70% a mais que o planejado: 5,1 milhões.

O gosto pela recompra chegou também na Cyrela, que levou para casa 6 milhões de ações e abriu um novo programa, com foco em comprar 5,8 milhões de papéis (CCPR3).

Sua concorrente, BR Properties, fez o mesmo. Ao abrir novo programa para recomprar 11 milhões de papéis BRPR3, explica que isso serve para maximizar o retorno dos acionistas. Isso porque o valor atual das ações não estaria refletindo o real valor dos seus ativos e suas perspectivas de crescimento.

Uma coincidência interessante é que tanto as ações da EZTec quanto as da Totvs (TOTS3) estão, hoje, valendo 30% a mais do que valiam no dia em que cada uma das empresas anunciou o seu programa de recompra.

A diferença é que uma delas demonstrou a seus acionistas ter confiança no próprio negócio.

As ações da BR Properties subiram 11% e as da Cyrela, caíram 15%, também em relação ao momento do anúncio do primeiro programa de recompra deste ano. O segundo ainda está em andamento, no caso de ambas.

A movimentação exemplifica como, ao ficar de olho na movimentação das empresas das quais é acionista, e não só nos preços das ações, o investidor consegue enxergar as expectativas das companhias e entender se elas se alinham às suas.

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