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Google poderá deixar sangue na água nesta semana

Empresa controla 90% das buscas na internet do mundo, mas deve ser desafiada por criadora do ChatGPT

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Já parece estranho pensar que o Google não foi o primeiro buscador da internet. Antes de ser o site mais acessado do mundo e o melhor exemplo para uma metonímia —quando trocamos a marca pelo produto e passamos a falar "dar um Google"— usávamos o "Cadê" ou o "Altavista" para encontrar os sites que queríamos.

A quase onisciente e onipresente marca tem 90% do mercado de buscas globais —o segundo lugar fica para o Bing, da Microsoft, com 3%, segundo a plataforma especializada Statcounter. Mas na última semana começaram a circular notícias de que em poucos dias veremos o lançamento de um novo buscador, criado por um player afoito por abocanhar uma fatia desse mercado: a OpenAI.

Montagem com os logos de Anthropic, Microsoft,Google e OpenAI - Adobe Stock

Tenho certeza que você já conhece um produto dela, pelo menos de ouvir falar: o ChatGPT. O chatbot abastecido com inteligência artificial generativa quebrou recordes e alcançou 100 milhões de usuários ativos mensais em janeiro de 2023, apenas dois meses após seu lançamento. O TikTok levou nove meses para chegar a essa marca. O Instagram, dois anos e meio, como bem repararam os analistas do banco UBS. Em abril, o GPT registrou 1,8 bilhão de visitas na internet.

Agora, diferentemente de sua funcionalidade atual, que fornece respostas com base em dados de um banco de conteúdo, o novo mecanismo de busca anunciado será conectado em tempo real à internet. Isso, além de testar o reinado do Google, pode desafiar o modelo de geração de receita com buscas. Afinal, se o mecanismo responderá às perguntas, por que alguém clicaria em um link patrocinado abaixo da resposta?

E não se engane de pensar que os links patrocinados dão pouca grana. Dos US$ 307 bilhões recebidos pela Alphabet, dona do Google, em 2023, US$ 175 bilhões saíram de "Buscas & Outros" —incluindo resultados de busca patrocinados e publicidade em sites e apps próprios e operados pelo Google, como Gmail, Google Maps e Google Play.

Uma startup como a OpenAI, por mais reconhecida que seja, certamente não poderá roubar do dia para a noite o protagonismo do maior player do mundo. Mas se ela conseguir tomar de assalto uma fatia desse mercado com seu protagonismo na IA, deixará sangue na água para outros sedentos tubarões da tecnologia.

A própria Microsoft, que tenta há anos aumentar seu quinhão no reino das buscas com o Bing, já usa tecnologia da OpenAI, da qual é grande investidora. Agora, o Google terá que competir com outro player forte em inteligência artificial, que, para experts, tem o mesmo potencial para transformar o mundo e a nossa relação com tecnologia que a internet em si teve nos anos 1990.

Não é que a Alphabet esteja assistindo isso de braços cruzados. A empresa está claramente se esforçando para colocar sua IA, agora batizada de Gemini, em tudo. Inclusive, anunciaram que vão produzir os próprios chips de processamento para inteligência artificial.

No mês passado, em evento em São Paulo, o presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho, me disse que se trata de uma opção estratégica da empresa de sempre apostar em modelos proprietários: de sites a chips e datacenters, para organizar seus sistemas de armazenamento e processamento para as plataformas.

Construir os próprios sistemas é provavelmente mais confiável, mas leva mais tempo do que fazer parcerias ou aquisições. Vale lembrar que o YouTube, principal rede social do Google, foi comprada por ele em 2006. Enquanto a Alphabet viu nascer e morrer redes como o Google+, Google Buzz e Google Wave, a Meta, dona do Facebook, comprou o Instagram e o WhatsApp.

As ações do Google hoje são negociadas no patamar mais alto que já tiveram na história. E um player novo e forte vai estrear no palco dos buscadores. O poder do Golias da tecnologia será testado justamente na área em que ele faz a maior parte de suas receitas. Não será fácil manter o ritmo de crescimento nos próximos dias.

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