Economista, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005, governo Lula)
A turma do fundão
A prioridade deveria ser a PEC emergencial para evitar problemas fiscais neste ano
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Na política, recomenda-se que apenas os candidatos façam discurso de campanha. Os técnicos deveriam se limitar a garantir a solidez das propostas, cuidar dos detalhes das medidas a ser implantadas e alertar o presidente sobre os problemas.
Aparentemente, esse receituário foi ignorado pela equipe econômica. Ela prometeu R$ 1 trilhão em imóveis a serem vendidos, R$ 1 trilhão em empresas para privatizar e desvincular R$ 1,5 trilhão da despesa federal. Venderam terreno na Lua.
Para piorar, poucos avisaram que a reforma da Previdência somente reduziria a piora fiscal, sem resultar em mais dinheiro para gastar. Parte da equipe também afirmou que haveria uma inundação de investimentos estrangeiros e que o país cresceria 3% ao ano. Nada disso está acontecendo.
Alguns assessores parecem fascinados pela atenção da imprensa, porém pouco cientes dos temas técnicos e ausentes das discussões no Congresso. Compreende-se o mal-estar em Brasília, mas atribuir os problemas ao Legislativo é diversionismo de quem tenta achar um culpado pela frustração com os resultados.
A irritação do Palácio deveria ser dirigida ao próprio governo. Não basta fazer declarações bombásticas. Existe trabalho de verdade a ser feito, e o diabo reside nos detalhes.
O Orçamento impositivo foi aprovado ano passado em meio a um debate público, com o apoio das lideranças do governo. Na época, comentei minha preocupação com a sua implementação. Pouco se ouviu do Ministério da Economia. O mesmo ocorre atualmente com a tramitação da agenda econômica nas duas Casas.
A nova promessa é uma reforma administrativa para revolucionar a gestão pública. A proposta, no entanto, apenas afeta os novos servidores, e talvez em 20 anos tenhamos algo de diferente na gestão federal, a depender dos detalhes do que for aprovado.
A prioridade deveria ser a PEC emergencial para evitar problemas fiscais neste ano. Além disso, o governo deveria organizar a agenda de reforma tributária e de abertura comercial, essenciais para aumentar a produtividade e retomar o crescimento.
Isso significa, no entanto, enfrentar os grupos do setor privado que resistem a abrir mão dos benefícios que recebem com as atuais regras do jogo em detrimento do restante do país.
Continuar com projetos faraônicos, como Angra 3, ou fortalecer estatais, como a Emgepron, para, mais uma vez, tentar de construir navios nacionais, são equívocos semelhantes aos cometidos pela gestão Dilma.
Tem gente no governo parecida com o aluno que escolhe sentar no fundo da sala de aula. Passa o tempo todo nas redes sociais e, ao ser reprovado, diz que a culpa é do professor.
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