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Professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).

Descrição de chapéu Parlamento Europeu eleições

Por que a direita radical perdeu na França e no Reino Unido?

Entender o paradoxo exige examinar regras diferentes para o mesmo eleitorado

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O RN liderado por Marine Le Pen quase dobrou o número de votos (37%) nas eleições legislativas francesas. No entanto obteve apenas 20% das cadeiras. Algo que já ocorrera antes. Em 2017, o partido, antes de mudar o nome, amealhou 13,3% (1º turno) e 8,5% (2º turno) dos votos e apenas 1,3% (8 em 577) das cadeiras.

Na última eleição britânica, o Reform Party foi o terceiro partido mais votado (14,3% dos votos), mas obteve apenas cinco cadeiras (0,7% do total). Em 2015, foi ainda pior: com 12,6% dos votos ficou com apenas 0,15% das cadeiras (isso mesmo, uma cadeira em 650).

A melhor forma de compreender o paradoxo é examinando o efeito de regras diferentes para o mesmo eleitorado.

O Brexit Party (nome anterior do Reform), cuja representação era pífia sob o voto distrital no Parlamento britânico, tinha a maior bancada no Parlamento Europeu, o qual adota a representação proporcional (39% dos deputados da representação britânica, tendo logrado 31% dos votos). Na França idem: o RN teve 31% dos votos e sua bancada de 30 deputados é também a maior no Parlamento Europeu. Esta eleição ocorreu 20 dias antes da eleição legislativa, inflacionando as expectativas quanto ao partido. Os incentivos, a abstenção etc. são diferentes nas duas eleições; mas o contraste é colossal.

A moral da história é que sob o voto distrital os partidos pequenos (radicais de direita) são punidos enquanto os grandes são premiados. O bônus médio do maior partido para as democracias majoritárias foi estimado em 1,4. Mas, na recente eleição britânica, o partido trabalhista teve o maior bônus da série histórica (1,8), amealhando 80% mais cadeiras do que logrou obter em voto. São 63% das cadeiras, e apenas 33,7% dos votos —menos do que na última eleição (40%), em 2017.

Como explicar o paradoxo?

Parte deve-se à geografia do voto: os trabalhistas perderam proporcionalmente mais votos nos distritos onde não tinham chances de ganhar e ganharam votos onde eram competitivos, conseguindo assim ser o mais votado. Mas há dois outros fatores envolvidos. Eleitores votaram estrategicamente: os trabalhistas votaram no Lib-Dem, nos distritos em que seu partido era o terceiro nas pesquisas.

Há também a estratégia partidária. Na França, a retirada de candidaturas menos competitivas por NFP e Macronistas para derrotar Le Pen funcionou. Não há novidade aqui. Nem fortes fatores ideológicos envolvidos. Em 2019, foi a direita radical (Brexit Party) no Reino Unido que retirou as candidaturas onde os conservadores eram competitivos. Agora lançou candidatos e dividiu a direita. Não foi, portanto, o moderado Keir Starmer substituindo o radical Jeremy Corbyn que levou à vitória.

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