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Professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap.

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Hoje a democracia tem um encontro marcado na Faculdade de Direito da USP, onde será lida a "Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do estado democrático de direito" assinada por cerca de 900 mil pessoas. Ali também, importantes associações empresariais, todas as centrais sindicais e organizações da sociedade civil lançarão o documento "Em defesa da democracia e da justiça".

Relevantes por afirmar vigoroso compromisso com as instituições representativas do país e as eleições que as garantem —desafiadas pelas recorrentes investidas golpistas do ocupante de turno do Executivo federal—, tais iniciativas em respaldo dos valores republicanos fundamentais equivalem a um formidável jorro de luz que clareia o turvo horizonte da hora.

Fachada do prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo - Eduardo Knapp - 20.jan.22/Folhapress

Indicam que cidadãos ativos e lideranças da sociedade organizada estão aptos a superar a polarização política que cindiu a nação, abrindo caminho para que a vulgaridade, o deboche e, sobretudo, o obscurantismo, se escarrapachassem nos estofados do Palácio do Planalto.

A polarização é um fenômeno político específico que se caracteriza pelo primado de posições extremadas e irredutíveis, travando o diálogo e a negociação imprescindíveis ao jogo democrático. Essa modalidade de radicalismo nem sequer se assenta em preferências nascidas do cálculo racional. Mas acende e nutre paixões que rompem amizades, dividem famílias, amordaçam a troca de opiniões até nas mesas de bar e fazem dos adversários inimigos jurados.

A polarização jamais brota da base da sociedade e envolve a massa dos cidadãos apenas em circunstâncias de vida ou morte —como nas guerras civis. Em geral, só afeta a (importante) minoria interessada pelo que ocorre na esfera pública; invariavelmente é obra de lideranças políticas adeptas do jogo bruto.

Há pouco, os pesquisadores George Avelino, Guilherme Russo e Jairo Pimentel, mostraram nesta Folha que as opiniões de lulistas e bolsonaristas sobre uma penca de questões relevantes para suas vidas estão mais próximas do que se imagina.

Os dois documentos pró-democracia atestam ainda que as distâncias também têm encolhido junto à parcela politicamente ativa da sociedade. Carta e manifesto resultaram de muita conversa entre moradores de lados diferentes da linha de fogo traçada pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016, que votaram cada grupo a seu modo em 2018 e mal se falavam até há bem pouco. Aproxima-os o que Maria Eugenia da Silva Telles, uma das autoras da "Carta aos brasileiros", de 1977, chama de compromisso com o conjunto de normas que nos permite usufruir de uma vida mais civilizada.

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