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Transição climática exigirá mais do que geladeiras eficientes

País precisa avançar muito nas energias alternativas, como eólica, solar e biomassa

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A exigência de geladeiras e de congeladores com mais eficiência energética gerou muitas críticas da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). Embora a migração entre os produtos fabricados atualmente e os mais eficientes vá até 2028, a Eletros rejeita "o rigor da regra e o prazo de implantação". Essa queda de braço ficará cada vez mais comum à medida que padrões de consumo forem modificados devido à tecnologia e aos eventos climáticos extremos. E exigirá bem mais do que geladeiras eficientes.

Por mais que os interesses dos consumidores de baixa renda –a maioria dos brasileiros– devam ser sempre levados em consideração, não há como manter a ineficiência energética para oferecer preços mais acessíveis. E isso deveria valer para todos os aparelhos e equipamentos, porque não se admite mais desperdício de energia, de alimentos, de água etc.

Mas como ficarão os consumidores se os refrigeradores "de entrada", que custam até R$ 1.200, tiverem preço mínimo de R$ 5.000 devido às novas regras determinadas pelo MME (Ministério de Minas e Energia)? Lembro que os automóveis, por exemplo, passaram a contar com acessórios de segurança como airbags duplos frontais e freios ABS. E que a partir do próximo ano todos os veículos produzidos no país terão de sair de fábrica com ESC (controle de estabilidade).

Esses itens encarecem os carros zero? Sem dúvida. Seria melhor que fossem opcionais? Não, porque aumentam a segurança veicular, ajudando a evitar ferimentos graves e a salvar vidas.

O Programa de Metas para Refrigeradores e Congeladores de uso doméstico objetiva a redução do consumo de eletricidade. Além disso, o MME calcula que 5,7 milhões de toneladas de gás carbônico deixarão de ser emitidas até 2030 pelos novos refrigeradores. E que haverá economia de energia elétrica de 11,2 Terawatthora (TWh) também até 2030, que se aproxima do consumo residencial anual do estado de Minas Gerais (13,1 TWh em 2022).

Estão exigindo demais dos fabricantes nacionais de geladeiras? Segundo a Rede Kigali –composta por Clasp, Engajamundo, Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), iCS (Instituto Clima e Sociedade), IEI Brasil (International Energy Initiative) e PHS (Projeto Hospitais Saudáveis)–, as geladeiras produzidas no Brasil são defasadas e pouco eficientes, inclusive se comparadas às de países emergentes.

A propósito, em 2009, o governo federal reduziu de 15% para 5%, por três meses, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) das geladeiras para alavancar as vendas. Poderia fazer isso para as novas geladeiras mais eficientes, ao menos as compradas por famílias de baixa renda. E há boas iniciativas de companhias privadas. Oito mil geladeiras de clientes da Enel Brasil foram trocadas em 40 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, por modelos com selo Procel de economia de energia.

O Brasil tem avançado muito nas energias alternativas, como eólica, solar e biomassa. Mas há muito espaço para o desenvolvimento dessas matrizes energéticas. Somos o oitavo país no ranking da energia solar, embora o Brasil seja um país-continente ensolarado.

Estamos em sexto lugar na energia eólica, com um litoral de 7.367 km, que chega a mais de 9.000 km se considerarmos as saliências e reentrâncias.

E há também muito espaço para economizar energia elétrica e água, ainda muito desperdiçadas.

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