Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maria Inês Dolci

Defesa do consumidor hiberna no inverno quente do Brasil

Seja energia cara ou internet lenta, direito do consumidor perdeu força nessa pandemia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Embora as temperaturas na maior parte do Brasil nem de longe nos façam perceber que a estação seja o inverno, os direitos do consumidor estão hibernando no país. Concentramos as nossas forças para evitar a Covid-19, e a defesa do consumidor ficou em segundo plano. E é muito cedo para afirmar que voltará com força após a pandemia.

Há diversos fatos que comprovam esta tese. Por exemplo, a ‘surpresa’ nas contas de energia elétrica, muito mais salgadas, pelo menos em São Paulo. Tanto que milhares de consumidores recorreram ao Procon-SP, que multou a distribuidora de energia Enel.

O acesso à banda larga, a propósito, está cada vez pior. No início da quarentena, parecia que este serviço daria conta do recado. Infelizmente, não é o que tem ocorrido. Sim, eu sei que milhões de pessoas estão confinadas ao lar, trabalhando home office, assistindo lives e vídeos, ouvindo música por streaming etc. Mas as conexões lentas são responsabilidade dos prestadores de serviço, as teles, e não de quem os usa mais por razões já explicadas.

E não basta termos de ficar em casa –ou nos arriscar a nos contaminar pelo coronavírus–, mas ainda temos de ser torturados, diariamente, por ligações feitas por robôs, que oferecem de consulta médica avulsa a planos funerários. Sim, como o Brasil é vice-campeão mundial em mortes pela Covid, ativaram propagandas de jazigos!

Mouse e teclado pretos
Durante pandemia, usuários reclamam de queda na velocidade da internet - AFP

Também aumentaram as reclamações de e-commerce, em um período no qual estamos batendo todos os recordes de compras virtuais. No primeiro semestre, foram mais de 121 mil em São Paulo, 55% a mais do que todas as queixas ao longo de todo o ano passado.

Além disso, a Câmara do Deputados aprovou, no começo deste mês, o texto básico da Medida Provisória que deu às companhias aéreas prazo de até 12 meses para reembolsar as passagens canceladas.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) advertiu que, para os países que seguem a direção errada, a pandemia tende a ‘piorar, piorar, piorar’. Como no Brasil quase não se fez testes com sua população, e houve novas ondas de contágio após a reabertura do comércio e serviços, temos de nos preparar para altos e baixos nos casos confirmados.

Isso implica mais tempo dentro de casa, em isolamento social. E a necessidade de melhorar a infraestrutura de banda larga, além de, como já salientamos neste espaço, acelerar a aprovação de projetos de lei que aperfeiçoam o CDC (Código de Defesa do Consumidor), com mais instrumentos para controle do superendividamento e do comércio eletrônico.

Li que o governo federal recriou o CNDC (Conselho Nacional de Defesa do Consumidor), órgão extinto em 1990. O objetivo declarado é orientar o ministro da Justiça em medidas relacionadas à Política Nacional de Defesa do Consumidor. Que ajude os direitos do consumidor a sair da hibernação.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.