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Jornalista e roteirista de TV.

Chega de mitos

Bolsonaro pode ser o remédio amarguíssimo que o brasileiro precisa tomar

O presidente da República, Jair Bolsonaro, durante sua passagem por Washington, nos EUA, neste mês - Brendan Smialowski/AFP

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Imaginava que o governo Bolsonaro seria ruim, mas nem nos piores pesadelos poderia sonhar que viveríamos esta tragédia. Otimista que sou, tento ver o que há de positivo na eleição de uma pessoa tão tacanha. 

A resposta é que Jair Bolsonaro pode ser o remédio amarguíssimo que o brasileiro precisa tomar para largar mão de glorificar políticos, apesar do horror que diz ter a eles, e transformá-los em mitos.

Talvez seja bom que o “mito” tenha chegado lá. Se o resultado fosse outro, enfrentaríamos quatro anos ouvindo que as urnas foram fraudadas, que apenas ele seria capaz de nos salvar de todos os problemas que um país na merda como o Brasil enfrentaria até se recuperar. Não quero nem pensar na força que ele teria em 2022. Supermito?

Bolsonaro é o populismo em forma bruta e nos lembra outros presidentes que se valeram dessa forma rasteira de chegar ao poder e de governar para garantir apoio. Uma mistura do autoritarismo de Getúlio Vargas, da megalomania de JK e do jeito simplório, calculado e irresponsável de Jânio Quadros.

São três meses em que o presidente continua a combater os moinhos de vento que lhe garantiram a eleição, sem que os verdadeiros monstros do cotidiano sejam amansados. Mas parte dos eleitores que o engoliu como a resposta imediata para os problemas do país já se dá conta de que foi muito barulho por nada.

É bom lembrar que outro “mito” também derreteu. Lula ainda tem eleitores fiéis, mas nada perto do que foi um dia. Na época de sua prisão, seus apoiadores acreditavam que o povo tomaria as ruas para que fosse libertado. Não aconteceu.

Se essa epidemia do bolsonarismo servir ao menos para que aprendamos a escolher nossos líderes, talvez valha a pena que o Brasil afunde numa crise econômica e social ainda pior. Caso contrário, vamos emendar um mito atrás do outro e estaremos fadados a esta vida de gado.

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