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Israel de Bolsonaro

Simbolismo do conflito Israel-Palestina ganha impulso adicional com o pré-candidato do PSL

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Quando Jair Bolsonaro (PSL) prometeu fazer de Israel seu primeiro destino como presidente eleito, não estava de olho no voto judeu, mas no evangélico. Trabalhando para angariar apoio desse grupo, o candidato comprometeu-se a transladar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. 

Guilherme Boulos (PSOL) reagiu de imediato: embarcou na primeira incursão internacional de sua campanha para visitar as cidades palestinas de Belém, Hebron e Ramala. No embalo, seu partido aprovou uma moção de apoio ao movimento “Boicote, Desinvestimento e Sanções” contra Israel. 

Em tese, não era para isso ocupar tanto espaço numa campanha presidencial porque os interesses estratégicos do Brasil ali são mínimos e a nossa capacidade de oferecer soluções, nula. O fluxo comercial —na casa do US$ 1,5 bilhão com Israel— é pequeno. 

Acontece que o simbolismo do conflito Israel-Palestina sempre foi enorme e ganhou impulso adicional com Bolsonaro na disputa. 

No passado, nem sempre a direita brasileira apoiou Israel. O regime militar, por exemplo, votou na ONU para condenar o sionismo como uma forma de racismo. E nem sempre a esquerda se jogou nos braços da Palestina. Embora Lula abrisse uma representação diplomática em Ramala, nunca deixou de fazer negócio com Israel. 

 
A força política do voto evangélico mudou essa equação. A partir de agora, será cada vez mais difícil para a diplomacia brasileira manter uma postura equilibrada entre as duas partes. 

Se o próximo presidente depender da bancada evangélica para governar, encontrará um ambiente propício para entregar resultados. Afinal, a coalizão parlamentar que governa Israel aplica mão dura contra os palestinos e avança na construção de assentamentos ilegais com confortável hegemonia. 

Essa coalizão opera para reforçar a identidade judaica do Estado israelense em detrimento de sua identidade democrática: direitos humanos não podem ser universais, disse há pouco Ayelet Shaked, a influente ministra da Justiça. Para muitos observadores dentro e fora de Israel, trata-se do início de um estado de apartheid. 

Da esq. para a dir.: Guilherme Boulos, Juliano Medeiros e Fred Henriques, do PSOL, em Belém, em abril deste ano - Pedro Charbel/Folhapress

Essa realidade obrigará a esquerda brasileira a tomar uma decisão. Uma opção é boicote e sanções, nos moldes propostos por Boulos. Outra é insistir na solução dos dois Estados, consagrada no direito internacional. 

Ocorre que a Autoridade Palestina está carcomida por corrupção, falta de eleições livres e um desastre humanitário em Gaza. Somando isso à política adotada por Israel, a solução dos dois Estados é irrealista. 

Ao que tudo indica, a política dos próximos governos brasileiros para o Oriente Médio será obrigada a responder a comandos cada vez mais radicais.  

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