Correspondente da Folha na Ásia
Apesar de editoriais, Biden está perto de se acertar com Bolsonaro
Relação com Brasil é 'muito, muito importante', diz secretário de Estado, destacando meio ambiente
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Há mais de uma semana, em meio à crise militar, como registrou a agência France Presse, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, declarou que a relação com o Brasil era "muito, muito importante" e se referiu ao meio ambiente.
E o porta-voz do Departamento de Estado foi questionado pela correspondente do espanhol El País se os EUA estavam "preocupados" com a debandada dos comandantes das Forças Armadas e o risco de governo militar.
"Bem, é claro, estamos cientes dos desenvolvimentos no Brasil, mas não vamos comentar sobre isso", falou ele. "Nós encaminharíamos você ao governo do Brasil", para uma resposta.
Apesar dos diversos editoriais alarmados de Washington Post e outros, os sinais são de acordo entre Joe Biden e Jair Bolsonaro, sobre meio ambiente, perspectiva que moveu entidades brasileiras a soltar uma carta contra a negociação "a portas fechadas".
"O presidente americano precisa escolher entre cumprir o seu discurso e dar prestígio político a Bolsonaro", diz. "Impossível ter ambos."
Até onde foi possível acompanhar, a carta não ecoou na mídia americana. O acordo estaria para ser anunciado em duas semanas, na cúpula virtual convocada por Biden e aceita por Bolsonaro.
OBSESSÃO
O ex-chanceler Celso Amorim escreveu no londrino The Guardian, alertando para as movimentações militares de Bolsonaro, e deu entrevista ao programa americano Democracy Now, lamentando que o secretário de Estado tenha escolhido questionar o novo governo da Bolívia —sobre a prisão da ex-senadora que foi presidente com apoio de Donald Trump.
"Dá a impressão de que é a mesma política", disse, criticando como "essa obsessão com a influência da China obscurece a visão [americana] do que é democracia" na região.
FUTURO
O jornalista Glenn Greenwald lançou nos EUA seu livro sobre o Brasil, adiantando um trecho na centenária The Nation (acima). Nos enunciados, "Por que o Brasil ainda é importante" e o complemento: "Com Lula elegível para concorrer contra Bolsonaro, os brasileiros têm o futuro do mundo em suas mãos".
CORRIDA
Canadenses como The Globe and Mail e americanos como The Wall Street Journal noticiam que a "Variante do Brasil se consolida no Canadá", sobretudo na costa oeste. Mas a variante do Reino Unido, B.117, continua na dianteira.
Segundo um professor da Universidade da Colúmbia Britânica, o estado mais afetado, "embora a B.117 ainda seja prevalente, acredito que haverá uma espécie de corrida entre as duas, nas próximas semanas, e a [brasileira] P1 parece estar chegando perto".
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