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Com Brasil e outros emergentes, 'a Huawei contra-ataca' os EUA

Ao aprofundar presença em grandes mercados, empresa chinesa se posiciona para crescer novamente, diz Foreign Affairs

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Cinco dias depois do leilão do 5G no Brasil, na terça (9), a revista Foreign Affairs, porta-voz do establishment americano de política externa, subiu o artigo "A Huawei contra-ataca". No subtítulo, "Para vencer a China em tecnologia, a América precisa investir no mundo em desenvolvimento" (abaixo).

Apesar do cerco iniciado ainda por Trump à empresa chinesa, "a Huawei continua a comercializar sua tecnologia de forma agressiva no mundo em desenvolvimento, onde foi amplamente adotada".

Em outras palavras, avisa o artigo, "ao aprofundar sua presença em grandes mercados emergentes como o Brasil, a Indonésia e a Nigéria, a Huawei está se posicionando para crescer novamente".

O cerco de anos foi bem-sucedido, mas não naquilo que buscava. O governo americano proibiu o acesso da empresa a chips e aos aplicativos do Google, o que atingiu em cheio sua unidade de smartphones, que era das mais lucrativas.

A Huawei chegou a ser líder mundial em aparelhos vendidos, havia acabado de passar a coreana Samsung, e agora desabou para o nono lugar. No terceiro trimestre, sua receita caiu 38%, anualizados. (Significativamente, outra chinesa, a Xiaomi, que não foi sancionada e não é fornecedora de infraestrutura 5G, tomou a ponta neste ano.)

O alvo não eram os smartphones da Huawei, mas sua liderança também mundial como fornecedora de tecnologia para operadoras, mercado em que os EUA apoiam a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia —mas que tem como segunda força uma outra empresa chinesa, a ZTE, como sublinhou o Financial Times.

O jornal reportou há duas semanas que Washington "não gosta do domínio da Huawei e tem tentado intimidar os governos europeus", para tirá-la de seus sistemas, defendendo para tanto uma tecnologia alternativa (Open RAN). "Mas não houve convergência", tanto em reuniões com a União Europeia como no G7.

Até as supostas vitórias americanas anteriores junto aos europeus, contra a empresa, vêm se revelando frágeis.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel contornou seguidamente as pressões tanto de Trump como de Joe Biden e manteve a Huawei, como queriam as operadoras. Na Itália, que chegou a barrá-la formalmente, o primeiro-ministro Mario Draghi acabou liberando sua negociação com a operadora Vodafone.

E a operadora BT já avisou ao governo britânico, em entrevista à BBC, que "é impossível" tirar a Huawei de sua infraestrutura "em menos de dez anos". Ou seja, no país mais dócil às demandas americanas, ela permanece até a década de 2030, pelo menos.

O mesmo vale para Noruega, o principal mercado nórdico para a chinesa, e outros europeus. Mas o maior problema, para a Foreign Affairs, é o mundo em desenvolvimento, onde está sendo definido quem vai "vencer o futuro".

Na África, por exemplo, o Senegal anunciou há quatro meses a transferência de "todos os dados do governo, inclusive de estatais como a empresa de eletricidade, para um datacenter" montado com equipamento e tecnologia da Huawei. "E o custo de mudar de fornecedor pode ser proibitivo", avisa a revista americana.

Já é proibitivo no Brasil, onde as operadoras foram as maiores defensoras da permanência da Huawei, presente em seus sistemas 3G e 4G. Encerrado o leilão, foram às compras na gigante chinesa.

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