Siga a folha

Marcelo Duarte é escritor, jornalista e, acima de tudo, curioso

Fake news existem desde 1800; veja mentiras históricas

Nas eleições nos EUA, um dos partidos produziu reportagens que diziam que o candidato da oposição havia morrido

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Notícias falsas são publicadas desde que o mundo é mundo. Nada comparado a essa loucura que vemos hoje em dia (e, ao que tudo indica, só vai piorar).

Mas o termo "fake news", escolhido para descrevê-las, apareceu no final do século 19 em alguns jornais americanos.

Celular mostra a expressão 'fake news'em frente a reportagens sobre os candidatos Lula e Bolsonaro - Mauro PIMENTEL/AFP

Um dos primeiros foi o "The Buffalo Commercial", do estado de Nova York, em 1891. Vale lembrar que a palavra em inglês "fake" ("imitação", "falsificação") era pouco usada como adjetivo. Inicialmente, a expressão conhecida era "false news".

As fake news eram inofensivas antes?

Que nada! Tomemos como exemplo o caso clássico do diretor Orson Welles, que adaptou o livro "A Guerra dos Mundos", de H.G. Wells, ao formato de uma transmissão radiofônica, em 30 de outubro de 1938. Só que os ouvintes não tinham sido informados de que se tratava de uma brincadeira.

O programa gerou pânico. Muitos acreditaram que uma invasão extraterrestre estava de fato acontecendo naquele momento em Nova York. A estação de rádio recebeu centenas de ligações desesperadas. Teve gente que deixou a casa aberta para trás.

Médicos, enfermeiras e soldados se voluntariaram para lutar contra os marcianos e ajudar os afetados pelo conflito (dou mais detalhes dessa história no primeiro episódio do podcast "Caçadores de Fake News").

Fake news também eram usadas em eleições?

Ô se eram! Durante as eleições norte-americanas de 1800, um dos partidos políticos produziu reportagens que diziam que o candidato da oposição, Thomas Jefferson, havia morrido. Apesar de terem conseguido enganar um número considerável de eleitores, Jefferson ainda foi o vencedor.

Bom, pelo menos não brincavam com a ciência, né?

Quem disse? Na edição de 21 de agosto de 1835, o jornal "The New York Sun" anunciou que o famoso astrônomo Sir John Herschel teria encontrado vida na Lua. E não era uma mera nota!

A informação veio em uma série de reportagens, publicadas ao longo da semana, que descreveram minuciosamente as tecnologias utilizadas para o estudo e os povos descobertos. No mês seguinte, depois de conseguir novos assinantes atraídos pelas reportagens, o jornal anunciou que tudo não passara de uma mentira.

Que história mais absurda...

Quer algo ainda mais absurdo? Símbolo de credibilidade no Reino Unido, a emissora de TV BBC deixou os britânicos boquiabertos com uma reportagem sobre uma plantação de espaguete no programa "Panorama", em 1957.

Uma equipe do programa se deslocou até uma fazenda na Suíça onde estaria localizada a "plantação". Os camponeses foram filmados retirando pedaços inteiros de macarrão das árvores. A reportagem assegurava que era um tipo diferente daquele que se consome em casa.

No final, o apresentador se despediu: "Agora nós vamos dizer boa noite neste dia primeiro de abril", dando ênfase ao Dia da Mentira e revelando, ainda que indiretamente, a brincadeira. Como é que alguém conseguiu cair numa história dessas, não é?

Se bem que, hoje em dia, tem muita gente compartilhando "árvores de espaguete" o tempo todo pelas redes sociais...

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas